Menos é mais: em 2023, resgate a simplicidade para viver melhor

Fabiano F.

Ser mais feliz, mais saudável, mais popular, mais bonito, mais produtivo, mais rico, mais admirado, mais seguido, melhor do que, maior do que… Ufa! Ultimamente não está fácil viver. Aliás, não está sobrando energia para viver, pois o tempo todo nos sentimos pressionados a ser alguém que ainda não somos, a atingir um ponto que nem sabemos qual é.

A lógica do mercado tem feito com que cada vez mais nos importemos com tudo que está longe e fora (de preferência caro e exclusivo), esquecendo-nos que simplesmente viver faz parte da nossa gênese. Tudo está calcado naquilo que não temos, gerando uma epidemia de autocobrança e culpa que nos impede de ver o simples.

Estamos nos tornando mestres em acumular títulos, posses, seguidores e curtidas, ao mesmo tempo, perdendo a chance de aproveitar o hoje, o aqui e agora, e o que temos em mãos. A máxima “menos é mais” deveria se tornar um mantra diário para combatermos a gana por mais. A maneira como a economia, a política, meios de comunicação e propagação cultural estão manipulando a informação está nos tornando neuróticos e nos colocando em um ciclo vicioso. Para muita gente, viver tem se tornado um fardo. Os espaços sociais e privados já funcionam como um campo de guerra em que impera a competição.

Com isso, o que é simples, modesto e descomplicado parece perder a graça, principalmente para as novas gerações. Infelizmente, a cultura do consumo e do exibicionismo está produzindo uma geração de ansiosos, insatisfeitos e mal-agradecidos. A impressão que se tem é que o tempo todo é preciso provar algo recorrendo ao que é mais audacioso, grandioso e extraordinário. Só viver não basta: é preciso ter uma vida extraordinária, aplaudida e copiada exaustivamente. O pensamento megalomaníaco arruína nossa saúde mental e destrói a possibilidade de relações verdadeiras e duradoras.

Mas ainda bem que há sempre um alento, uma luz no fim do túnel. Tem muita gente redescobrindo a simplicidade. Há corajosos que se desvencilham de objetos desnecessários e pessoas tóxicas, para se abrir para uma vida mais simples, porém com mais significado. Ao contrário do que possa parecer, enxergar o simples é uma tarefa que exige esforço, principalmente se fomos condicionados a só valorizar o que é extra, mega, plus, top, exclusivo.

Primeiro é preciso olhar para nós mesmos com sinceridade e compaixão. Enxergar quem realmente somos, nossas raízes e lutas. Um confronto honesto com o eu interior nos coloca de volta nos trilhos. Simplicidade é dar importância àquilo que ninguém em volta está considerando como valioso. É tirar da plateia e colocar no palco atitudes que parecem em desuso, mas que na verdade são essenciais para nossa evolução.

Esteja certo de que você não precisa muito mais do que tem hoje para ser feliz. Você pode acrescentar objetos e experiências, e pode sim ter progressos materiais e intelectuais. Não tem nada errado nisso, se a conquista for natural, honesta e não custar sua paz. Mas o ponto em discussão aqui é outro. É saber reconhecer o que e quem está ao seu redor em um nível que você jamais imaginou ou se propôs a fazer. Simplicidade é olhar para o que ninguém está olhando, sentir o que ninguém está sentindo e agradecer pelo que muitos estão longe de perceber. Complexo, porém, simples assim. Viva a simplicidade!

 

Fabiano F. é jornalista e autor de livros de autodesenvolvimento, como o livro “Enfrente”, de onde este texto foi extraído. Email: fabianoescritor@gmail.com

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V12 - 2019 | Nº 78
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