O deputado federal George Santos, o republicano nova-iorquino e filho de brasileiros, primeiro eleito ao congresso americano, foi expulso, hoje, do congresso após o voto bipartidário dos próprios colegas. Santos se tornou uma figura nacional e sujeito a 23 acusações federais de fraude e corrupção.

O voto consignou Santos, que ao longo de sua curta carreira política inventou ligações com o Holocausto, o 11 de setembro e o tiroteio na boate Pulse em Orlando, a um lugar genuíno na história: ele é a primeira pessoa a ser expulsa do congresso sem primeiro ser condenado por um crime federal.

A sua expulsão põe fim a uma das odisseias políticas mais turbulentas da memória recente, uma impressionante reviravolta na sorte de um forasteiro político cuja eleição em Long Island e Queens no ano passado foi anunciada como um sinal do ressurgimento republicano.

Em vez disso, Santos tornou-se uma ameaça ao Partido Republicano, cuja vasta rede de mentiras e delitos levou muitos a questionar como é que ele conseguiu escapar à responsabilização durante tanto tempo.

O debate no plenário da Câmara na capturou o absurdo e a indecoração dos escândalos de Santos. O uso de fundos de campanha para tratamentos de Botox foi invocado diversas vezes, até mesmo por aqueles que o defendiam. Os seus detractores apontaram para ligações inventadas com o Holocausto e para as suas afirmações, contrariadas pela documentação de que a sua mãe esteve no World Trade Center no dia 11 de Setembro.

Filho de imigrantes brasileiros, Santos foi o primeiro republicano assumidamente gay a ganhar uma cadeira na Câmara como candidato não titular.

Mas pouco antes de assumir o cargo, uma investigação do New York Times descobriu que a sua jornada da pobreza à riqueza, desde um apartamento numa cave no Queens até aos corredores do Congresso, foi construída sobre camadas de fabricação, exagero e omissão, além de corrupção.