Ter amor próprio é o maior desafio num mundo de fragilidades e cobranças

Fabiano F.

amor próprio

O tipo de amor mais difícil é o amor próprio. Com facilidade amamos o outro, geralmente idealizado. Amamos os pais, os filhos, os amigos e até os amigos dos amigos… Amamos nossa banda preferida, a celebridade mais descolada, e amamos, inclusive, aquela marca pela qual pagamos seja o que for para nos sentirmos parte de algo que nem sabemos o que é. Amamos facilmente. E com a ajuda da publicidade e sociedade de consumo, arrumamos as razões mais convincentes para amar e nos devotar. 

Já amar a si mesmo de verdade é outra história. Deixamos para depois, negligenciamos e até disfarçamos que nos amamos, enfeitando aqui, ajeitando acolá. Não pensamos duas vezes para nos rotular, culpar, julgar e comparar. Cobramo-nos perfeição em um nível neurótico. Machucamo-nos nas relações porque o medo de ficar só é tão grande que nos paralisa. 

Dizemos sim para aquilo que no fundo seria não. Escravizamo-nos para caber no padrão e rompemos nossos limites, mesmo que isso custe a saúde e noites de sono. E assim vamos: amando tudo e todos, menos a nós mesmos. Intoxicamos nossas mentes com pensamentos negativos. Passamos horas ruminando os fatos, criando situações fantasiosas e tentando adivinhar o que o outro pensa para depois controlá-lo. 

É uma pena que não aprendemos a nos amar. Em algum momento, nos disseram que amar a si é egoísmo e isso ecoa todas as vezes que nos castigamos e nos impomos sacrifícios em vão. Amar-se de verdade não é fácil nem mesmo nos é estimulado. A pressão para satisfazer o outro e as regras do mundo é grande e nosso tempo e vontades são destroçados por nós mesmos. Mas um dia a gente descobre que é possível sim se amar. Temos o direito e o livre arbítrio. A partir daí, um outro universo começa a se descortinar. E descobrimos que estar bem consigo e em paz com o mundo pode ser bem mais simples do que a gente pensava.

Passou da hora de praticarmos o autoamor. Amar-se é a base para o desenvolvimento de qualquer relação saudável. Precisamos entender que somos merecedores de amor, independentemente de quem somos ou do que fazemos. O amor vence bloqueios e nos fortalece para lidar com os desafios inerentes da arte de viver. Olhe-se no espelho, no fundo dos seus olhos, e seja generoso com você. Faça um pacto de se amar hoje, aqui, agora, sem se preocupar com o que passou ou o que ainda virá. Ame enquanto é tempo.

Fabiano F. é jornalista e autor de livros de autodesenvolvimento, como o “Enfrente”, de onde este texto foi extraído. Email: fabianoescritor@gmail.com

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