As agências federais dos Estados Unidos enfrentam novas ameaças e exigências por parte de Elon Musk, que chefia o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Além de ordenar que os servidores federais prestem contas detalhadas sobre suas atividades recentes, Musk agora também determinou que trabalhadores que não retornarem ao trabalho presencial nesta semana serão colocados em licença administrativa.
“Aqueles que ignoraram a ordem executiva do presidente Trump para retornar ao trabalho já receberam mais de um mês de aviso. A partir desta semana, aqueles que ainda não retornarem ao escritório serão colocados em licença administrativa”, publicou Musk no X. Essa decisão faz parte dos esforços da administração Trump para reduzir os custos da máquina pública e eliminar remanescentes das políticas de home office da pandemia de Covid-19.
A resistência por parte das agências federais continua a crescer. Diversos órgãos, incluindo o Pentágono, FBI, Departamento de Estado e Departamento de Energia, instruíram seus funcionários a não atenderem ao pedido de Musk para relatar suas atividades semanais. Essas instituições argumentam que a avaliação do desempenho dos servidores deve seguir os próprios procedimentos internos.
A decisão de Musk e sua tentativa de pressionar trabalhadores federais estão gerando um impasse entre membros-chave da administração Trump e os servidores. Musk, que também atua como assessor do presidente Donald Trump, tem sido uma figura central nos cortes de gastos e na reestruturação da força de trabalho governamental.
A confusão aumentou no sábado (22), quando o Escritório de Gestão de Pessoal dos Estados Unidos (OPM) enviou um e-mail a todos os servidores federais exigindo que relatassem as tarefas desempenhadas na semana anterior, com prazo final para resposta até 23h59 de segunda-feira. No entanto, muitos servidores foram aconselhados a não responder imediatamente.
O e-mail enviado pelo OPM veio de um novo endereço de RH da agência e não continha assinatura. A linha de assunto dizia: “O que você fez na semana passada?” e a mensagem instruía os funcionários a responderem com cerca de cinco tópicos destacando suas realizações, copiando seus gerentes. O aviso também deixava claro que não deveriam ser enviados dados classificados, links ou anexos. Cópias dos e-mails enviados a funcionários de múltiplas agências foram obtidas, e muitos deles continham marcações de alta importância ou sinais de exclamação vermelhos.
No domingo, o Departamento de Defesa publicou uma nota oficial orientando seu pessoal a “pausar qualquer resposta” ao e-mail do OPM. “O Departamento de Defesa é responsável por revisar o desempenho de seu pessoal e realizará qualquer revisão de acordo com seus próprios procedimentos”, afirmou a entidade em uma postagem no X.
Esse desentendimento crescente evidencia um atrito entre Musk e diversos setores da administração Trump, trazendo incertezas para milhões de servidores federais. A próxima semana pode ser crucial para definir os rumos da força de trabalho do governo dos Estados Unidos e as consequências dessa política agressiva de reestruturação.
Os sindicatos reagiram prontamente. A Federação Americana de Funcionários Governamentais (AFGE), maior sindicato do setor público nos EUA, afirmou que tomará medidas para contestar qualquer demissão considerada ilegal.
Elon Musk, o homem mais rico do mundo e um dos principais financiadores da campanha de Trump, foi designado para liderar esforços de redução de custos e eliminação de desperdícios no governo federal por meio do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).
O DOGE, uma entidade autônoma sob a direção de Musk, tem enfrentado resistência em diversas frentes e sido alvo de decisões judiciais contraditórias.