Nesta última coluna de 2021 vou resumir alguns assuntos que considero mais importantes para a comunidade brasileira em Massachusetts, e os brasileiros que nos leem durante o ano:
A pandemia da COVID-19 continua, com menor número de casos, muito menos hospitalizações e óbitos pela COVID-19 no nosso estado. Porém, não acabou nem vai acabar tão cedo enquanto grande parte da população mundial não for vacinada. Mais recentemente a chegada da variante Omicron demonstra que ou o mundo todo tem acesso a vacinas, ou a pandemia continuará porque o vírus muda e novos riscos de adoecimento aparecem.
Enquanto em Massachusetts cerca de 70% da população recebeu 2 doses e cerca de 86% pelo menos 1 dose, na cidade de São Paulo, cerca de 80% da população recebeu 2 doses. Este ano não teremos grandes festividades de Natal e Ano Novo, e em muitos lugares não haverá carnaval de rua nem em clubes. A música é a mesma, máscaras, distanciamento, ventilação adequada em ambientes fechados e lavar as mãos com água e sabão frequentemente. Álcool gel só quando for de fato preciso.
A emigração de brasileiros para os Estados Unidos no ano de 2021 aumentou muito durante 2021 como resultado da enorme crise social, econômica, política e cultural que vive o país durante o governo genocida e ecocida que temos. Durante o governo Collor, no início dos anos 90, tivemos onda de migração semelhante. A situação do Brasil pós-pandemia é parecida, talvez até pior do que nos anos 90.
Segundo reportagem recente da BBC Brasil, cerca de 57.000 brasileiros foram detidos na fronteira com o México entre setembro de 2020 e outubro de 2021, a maioria na fronteira com o Arizona, e não Texas, como ocorria há poucos anos.
Se o número de detidos aumentou cerca de oito vezes, é bem possível que número muito grande conseguiu entrar no país. A situação chegou a tal ponto que, sob pressão do governo dos Estados Unidos, o governo mexicano vai voltar a exigir visto para entrada de brasileiros no México, uma mudança na política em vigor desde 2004 que havia abolido a necessidade deste visto.
Alguns, ou talvez muitos, desses brasileiros chegam a Massachusetts sem lugar para morar, com pouco dinheiro, e precisam da ajuda solidária dos que aqui residem para inclusive comer e dormir em ambientes seguros. A caminhada por terra no deserto do Arizona é muito difícil e traumática para muitos que a fazem sob o comando de traficantes de pessoas, conhecidos como coiotes.
O livro de Marcony Almeida, editor da revista Brazilian Magazine, intitulado “Eu vim pelo México” relata algumas das experiências vividas por brasileiros nos anos 2000. Parece que a nova onda repete o que já ocorreu no passado recente.
O ano de 2021 foi bastante complicado para todos nós, que considero estamos todos “pandemizados”, palavra que criei para sintetizar o efeito profundo que a pandemia teve e ainda tem em todos os que vivenciaram o sofrimento de milhões de pessoas em todo o mundo. Os brasileiros e os estadunidenses sofreram ainda mais que a maioria dos residentes em quase todos os países, porque foram dois dos países onde ocorreram o maior número de casos e óbitos. Afinal, quem não conhece um amigo, parente, vizinho, músico, poeta, atleta, colega de trabalho, profissional de saúde, etc. que não faleceu ou sofreu com a pandemia?
A boa notícia é que o ano de 2022 deverá ser melhor em muitos aspectos. As vacinas tornaram o retorno a uma nova vida pós-pandemia possível. Será diferente do que foi antes, mas talvez melhor porque já passou da hora de mudar bastante o que fazíamos antes da pandemia. O planeta Terra assim exige e a pandemia assim exige.
Nos Estados Unidos, o pacote do governo Biden deve fortalecer a economia e criar empregos na reforma da infraestrutura de transportes, comunicações, entre outras, e apoiar as populações de baixa renda com subsídios para creches e moradia.
Já no Brasil, a boa notícia é que os brasileiros provavelmente se livrarão do pesadelo dos últimos 4 anos, conforme aconteceu nos EUA com o Trump, e voltarão a sonhar com um projeto de desenvolvimento para o Brasil que coloque o país no rumo do crescimento sustentado e orientado para melhorar as condições de vida da grande maioria do povo brasileiro. Comida no prato, vacina no braço e muita saúde para todos em 2022!
