Diante das medidas rígidas do Presidente Trump contra a entrada de imigreantes nos Estados Unidos (EUA), o governo canadense, parece também querer “apertar o cerco”. O recém-eleito primeiro-ministro do país, Mark Carney, apresentou projeto de lei que se inspira na agenda imigratória de Trump. Conhecido como Lei de Fronteiras Fortes, o texto reprimiria o tráfico de fentanil e o crime organizado, e imporia várias novas restrições ou poderes adicionais para coibir a imigração no país.
Julia Sande, advogada de direitos humanos da Anistia Internacional Canadá, disse à imprensa que a legislação “fecharia a porta” para aqueles que buscam asilo no país. “É profundamente desanimador e, francamente, assustador ver o governo seguir esse caminho”, disse. A ação de Carney ocorre paralela a uma decisão recente da Suprema Corte dos EUA que remove as proteções para imigrantes de vários países em conflito.
O Canadá, e em particular a região de Quebec, há muito tempo é uma opção atraente para a grande comunidade haitiana da Grande Boston. E depois que a Suprema Corte abriu caminho para que o governo Trump os deportasse, muitos estavam considerando se mudar para o Canadá, de acordo com Jeff Thielman, diretor-executivo do International Institute of New England, em Boston.
As ações de ambos os lados da fronteira deixam eles e outros imigrantes em um dilema. “Se nosso país não vai ser acolhedor, o que é uma farsa, então talvez o Canadá possa ser acolhedor. E se o Canadá disser não a eles, o que faremos?”, indagou Thielman, cuja organização atende refugiados e imigrantes em Massachusetts e New Hampshire. “Sério, não há para onde eles irem — e não é justo com eles”.
Desde a eleição de Trump no ano passado, autoridades canadenses têm se preocupado com a possibilidade de o iminente fim desses programas levar a um fluxo de refugiados para o norte. Durante o primeiro governo Trump, dezenas de milhares de imigrantes haitianos se mudaram dos EUA para o Canadá. Mais de 100.000 pessoas passaram por uma única passagem de fronteira improvisada, de Nova York a Quebec, entre 2017 e 2023, quando os dois países reforçaram um acordo que rege o fluxo de requerentes de asilo.
“Uma fronteira forte é essencial para a nossa segurança nacional, para promover comunidades seguras e apoiar a nossa economia”, disse à imprensa o Ministro da Segurança Pública, Gary Anandasangaree, em uma coletiva, em Ottawa.
A legislação concederia às autoridades novos poderes para revistar correspondências, coibir a importação de produtos químicos usados na produção de fentanil e compartilhar informações sobre agressores sexuais com os EUA e outros países. Críticos dizem que a medida serve para “agradar a Donald Trump”.