Um imigrante indocumentado brasileiro foi preso junto com três de seus supostos traficantes de drogas — também cidadãos brasileiros — sob acusações federais de que eles vendiam substâncias controladas do Brasil para clientes que pensavam que eram medicamentos farmacêuticos legítimos.
“Por anos, esses réus supostamente exploraram a confiança de uma comunidade para vender medicamentos de prescrição do mercado negro sob o (disfarce) de legitimidade”, disse a Procuradora-Geral dos EUA para Massachusetts, Leah Foley, no anúncio das prisões. “Eles entraram em nosso país ilegalmente e colocaram a saúde e a segurança de inúmeras pessoas em perigo, tudo por lucro”.
Os promotores federais dizem que o suposto líder Douglas Reis de Souza, 40, “se apresentou como um farmacêutico legítimo para a comunidade de língua portuguesa na área metropolitana de Framingham” sob a forma abreviada de seu nome real, Douglas Reis, bem como “Droga Reis”, que em português significa “Rei das Drogas”. Ele supostamente operava sua farmácia do mercado negro em um apartamento em Framingham.
Ele distribuía cartões de visita que diziam, conforme traduzido do português, que ele vendia “Remédios do Brasil”, que incluíam “pílulas anticoncepcionais e injetáveis, coquetel injetável para tratar problemas musculares e ortopédicos” e até mesmo “perfuração de células do ouvido”, de acordo com um depoimento que sustentava as acusações. O cartão continha um código QR que um cliente em potencial poderia escanear para abrir um bate-papo do WhatsApp com ele, para que pudessem se comunicar por meios criptografados.
Os promotores dizem que Souza importava ilegalmente medicamentos prescritos do Brasil e os vendiam ilegalmente para a população brasileira local na área. Embora ele supostamente se anunciasse como um farmacêutico de verdade, sua suposta prática questionava os consumidores sobre seus estados de saúde, de acordo com os registros do tribunal.
“Em nenhum momento Reis de Souza perguntou sobre a saúde (do cliente), histórico médico, doenças, medicamentos (que o cliente) está tomando atualmente ou alergias a quaisquer medicamentos”, afirma o depoimento. “Reis de Souza também não perguntou (ao cliente) se ele/ela está tomando receitas atualmente, um histórico de receitas ou se (o cliente) está sob os cuidados de um médico licenciado”.
O brasileiro e três de seus supostos funcionários, Dekny Marcos de Carvaleho Reis, 33; Dekmara de Carvalho Reis, 34; e Wandiscleia Ferreira de Souza Guimaraes, 41, todos de Framingham, foram presos na manhã de segunda-feira (10) e acusados em um tribunal federal em Boston de conspiração para distribuir e posse com intenção de distribuir substâncias controladas.
O juiz do Tribunal Distrital dos EUA, Donald L. Cabell, ordenou que os réus fossem detidos antes de uma audiência marcada para quinta-feira (13).
O caso foi construído em mais de 140 pacotes enviados do Brasil para Framingham e cidades vizinhas apreendidos por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA desde 13 de novembro de 2021, de acordo com o depoimento. Os investigadores dizem que compararam os números de telefone e endereços associados às remessas com Souza ou seus supostos associados.