No começo deste mês, John Schwarz, um guru e professor de meditação e especialista em saúde mental, lançou uma proposta inusitada e provocadora: um blackout econômico de 24 horas no último dia do mês, hoje, 28 de fevereiro, com o objetivo de desacelerar o consumo e reavaliar os impactos do gasto desenfreado nas grandes cadeias de varejo. O apelo de Schwarz foi claro: a população deveria abster-se de fazer compras em grandes empresas como Amazon, Walmart e outras redes de fast-food, optando por consumir apenas em pequenos negócios ou em itens essenciais.
A ideia de Schwarz, apesar de ambiciosa, busca gerar uma reflexão profunda sobre o modelo de consumo atual e seus efeitos tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente. A proposta foi fundamentada na crença de que, ao direcionar os gastos para pequenos estabelecimentos, é possível promover uma economia mais local e sustentável, além de estimular práticas mais conscientes entre os consumidores.
O Apoio da The People’s Union USA
A iniciativa de Schwarz rapidamente ganhou apoio de movimentos populares, incluindo a organização The People’s Union USA, que incentivou os moradores dos EUA a não gastarem dinheiro na sexta-feira, 28 de fevereiro. Muitos estão chamando a data de um “apagão econômico” como forma de protesto contra o que o fundador do grupo vê como a influência maligna de bilionários, grandes corporações e os dois principais partidos políticos na vida dos trabalhadores americanos.
Em um comunicado, a organização declarou: “28 de fevereiro é um começo simbólico para a resistência econômica. Um dia em que mostramos às corporações e aos políticos que controlamos a economia. A data em si não está vinculada a nenhum evento histórico, é o começo de algo maior. O primeiro dominó que desencadeará uma cadeia de ações até que as pessoas recebam o que merecem.”
O Impacto nas Grandes Corporações
O movimento também surge como resposta a recentes decisões de grandes corporações, como a Target, que reverteu programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) depois que o presidente Donald Trump assinou ordens executivas para cortar essas políticas. No passado, a Target havia apoiado iniciativas para elevar comunidades negras e LGBTQ+, mas em janeiro de 2025 anunciou o cancelamento dessas iniciativas.
Em reação, o grupo de defesa trabalhista “We Are Somebody”, liderado pela ativista Nina Turner, iniciou um boicote contra a Target em 1º de fevereiro, coincidindo com o início do Mês da História Negra. Além disso, o pastor Jamal Bryant, da área de Atlanta, organizou o site targetfast.org para recrutar cristãos para um boicote de 40 dias à Target a partir de 5 de março, que marca a Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma. O protesto também recebeu apoio de outros líderes religiosos.
O crescimento do consumo consciente
Nos últimos anos, o conceito de consumo consciente tem ganhado força, à medida que mais pessoas se conscientizam das implicações de suas escolhas de compra. Grandes cadeias de varejo, como Amazon e Walmart, dominam o mercado com preços acessíveis, mas frequentemente à custa de trabalhadores mal remunerados e impactos ambientais negativos. Críticas a essas práticas têm levado muitos a buscar alternativas que apoiem negócios locais e reduzam o desperdício.
Ao propor o blackout econômico, Schwarz enfatiza o poder que os consumidores têm de influenciar a economia. A cada compra feita, as decisões individuais podem afetar tanto as grandes corporações quanto a economia local e a sustentabilidade ambiental.
Quem está por trás do “Apagão Econômico”?
A The People’s Union USA, que assumiu a liderança no incentivo ao dia sem gastos, foi fundada pelo próprio John Schwarz, que além de guru de meditação, é um ativista do consumo consciente. De acordo com suas contas nas redes sociais, Schwarz mora na região de Chicago e tem se dedicado a iniciativas que questionam o impacto do consumismo desenfreado na sociedade.
Embora um único dia de abstinência econômica não resolva os problemas estruturais do sistema global, a mobilização gerada por Schwarz e pela The People’s Union USA indica que o debate sobre consumo consciente e justiça econômica está longe de acabar. Afinal, como ressaltam os organizadores, o consumo é uma forma de poder, e a maneira como escolhemos usá-lo tem um impacto duradouro.
A “People’s Union USA” também tem outras iniciativas planejadas para as próximas semanas, de acordo com seu site, incluindo “apagões econômicos” adicionais, com esforços visando lojas ou marcas específicas, incluindo as seguintes:
Amazon, Whole Foods, Prime (7 a 14 de março)
Nestlé (21 a 28 de março)
Apagão econômico nº 2 (28 de março)
Walmart (7 a 13 de abril)
Apagão econômico nº 3 (18 de abril)
General Mills (21 a 27 de abril)