Vem aí mudanças políticas

Heloísa Galvão

BRELE

Haverá eleição no Brasil e nos Estados Unidos. Dois pleitos importantíssimos. No Brasil, espera-se a reconquista da democracia, com a eleição de um presidente que recoloque o Brasil no cenário internacional e devolva a dignidade ao povo brasileiro.

Nos Estados Unidos, ao que tudo indica, os republicanos vão reconquistar o Senado, deixando o presidente Biden em situação ainda mais difícil do que a que tem hoje, em que a vice-presidenta Kamala Harris pode fazer a balança pender em favor da Casa Branca. Mesmo com esta pequena vantagem, Biden não consegue governar bem.

Os republicanos derrubaram o projeto de direitos eleitorais que poderia impedir a supressão de voto, que estão implantando em diversos estados do país, e estão impedindo Biden de cumprir uma de suas principais promessas de campanha: a de que faria algo para melhorar a situação dos imigrantes nos primeiros cem dias do seu governo.

Bom, lá se vão 12 meses, 365 dias e o horizonte cada vez fica mais escuro e fechado para os imigrantes. Agora vocês imaginem com maioria republicana no Senado. No Brasil, nós temos um cenário aparentemente bastante favorável ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que as pesquisas dizem que pode vencer no primeiro turno. Em que pese o indiscutível peso econômico, social e político para o país dessa vitória, confesso que fiquei decepcionada com a falta de plano do candidato Lula com relação à paridade de gênero e racial de um seu futuro governo.

Ele não respondeu à pergunta do jornalista Mauro Lopes, da TV 247,  durante entrevista coletiva no início deste ano, sobre o compromisso do seu governo com esta questão. O próprio Mauro lembrou que os dois primeiros governos de Lula foram fracos na representação feminista e negra. Dos 99 ministros dos governos Lula, só dez eram mulheres, e dessas, apenas três eram negras. E entre os homens, somente sete eram negros. Quer dizer, cerca de 80% da equipe do governo Lula foi formada por pessoas brancas.

Lula justificou que em 2003 a sociedade e o momento eram diferentes. Certamente eram, mas era para ele ter uma resposta na ponta da língua para esta pergunta em 2022. Mauro Lopes traçou um paralelo com alguns países da América Latina. Ele mencionou que o presidente Boric, recém-eleito no Chile, disse que seu governo terá paridade de gênero. Falou também, que na Bolívia, as mulheres ocupam 56% das cadeiras no Senado. Que o México aprovou uma lei que dá paridade em cargos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. E que na Alemanha, fazem parte do governo do chanceler Olaf Scholz, oito mulheres e oito homens. Lula, não dá para você não ter resposta para esta pergunta.

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