Eu escrevo esta coluna no dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, e poucos dias antes de completer 35 anos do assassinato de Chico Mendes (22 de dezembro). Eu escuto o noticiário e me revolto com o genocídio na Faixa de Gaza. Onde foi que nossa humanidade foi parar?
Vamos entrar em 2024, um quarto do século 21 já se foi, com a violência, o ódio e a falta de escrúpulos “valorizados” e justificados para se obter o que se quer. O fim justifica os meios. Será? Não foi isso que meu pai me ensinou.
O mundo parece que está de cabeça para baixo, com tantos países liderados por fascistas. Fascistas eleitos pelo voto popular, é bom lembrar. Nesses momentos de angústia, me belisco para lembrar que moro em Massachusetts. Ufa, que alívio! Não que aqui seja perfeito ou a justiça impere mas convenhamos que temos algumas vitórias e iniciativas para celebrar..
É verdade que a lei da carteira de motorista demorou 25 anos e que 17 estados, além do Distrito de Colúmbia, legalizaram este direito antes de Massachusetts (este ano Minnesota tornou-se o 19º estado), mas a nossa vitória foi histórica! Vencemos no plenário duas vezes e vencemos nas urnas.
Massachusetts é também um estado em que os direitos reprodutivos das mulheres é garantido, onde, independente de estado imigratório, temos seguro de saúde, onde a merenda escolar é gratuita em todas as escolas públicas, onde indocumentados podem estudar nos community colleges, onde vítimas de violência doméstica são protegidas e onde trabalhadoras(es) têm seus direitos assegurados independente de status imigratório.
É perfeito? Claro que não. Temos muita luta ainda pela frente, no entanto, é bom lembrar as coisas boas que temos. Isso é fruto de uma sociedade organizada e politicamente engajada, e eu incluo a comunidade brasileira nesta categoria. Nas últimas eleições, em novembro de 2022, elegemos cinco mulheres para os cinco principais postos do Estado.
Mulher na política e em cargos de chefia faz muita diferença. Mulher entende de direitos reprodutivos, da necessidade do acesso justo à saúde, educação e empregos decentes, que pagam salários dignos e justos. Chegamos lá? Não, mas estamos no caminho.
A comunidade brasileira, por sua vez, tem bastante a comemorar: cinco representantes políticos eleitos para cargos municipais e estaduais (três são mulheres), e meia dúzia de organizações comunitárias que lutam para informar, organizar e engajar brasileiras e brasileiros.
Essa realização nos dá o alento para continuar porque nossa batalha não está ganha. Só estará quando todos os seres humanos tiverem os mesmo direitos independente de onde vêm, quem são, cor da pele, religião e orientação sexual. Juntas, chegaremos lá!