Quanto e o quê realmente precisamos

Em tempos de pandemia, ocorreu-me pensar de quanto e do quê realmente necessitamos para viver. Hipoteticamente, pensaremos que nossa casa, ou o lugar físico onde habitamos, está pegando fogo ou que estamos enfrentando um terremoto ou outro desastre ambiental. O que você levaria como objetos de primeira necessidade ao ter que evadir-se com emergência?

No meu caso, que moro sozinha, levaria minha pasta de documentos. Sim, alguns desses documentos são certificados de cursos e conferências que fiz, participando como ouvinte ou palestrante. Alguns certificados não poderiam ser recuperados, pois não existem cópias. Fazem parte do meu esforço e crescimento, do meu currículo. Passei por muitos perrengues para conquistá-los, portanto, são muito importantes para reconstruir minha vida profissional, se for o caso.

Agora, mudemos de cenário. Seguiremos para os escândalos de corrupção no Brasil. As tão conhecidas de nós brasileiros, as diversas CPIs, ou Comissão Parlamentar de Inquérito. Comissão Parlamentar de Inquérito é uma investigação conduzida pelo Poder Legislativo, que transforma a própria Casa Parlamentar em comissão para ouvir depoimentos e tomar informações diretamente, quase sempre atendendo a reclamações do povo. (Fonte: Wikipedia, que não é meu site favorito e confiável de busca, mas serve apenas para uma definição)

A CPI investiga supostas omissões e irregularidades nos gastos dos governos e visa proteger os interesses da coletividade da população brasileira. As CPIs estão previstas na Constituição Brasileira desde 1946. Agora, que mal pergunte ou pense, para quê queremos roubar tanto dinheiro? Qual nosso limite? De quanto e do quê realmente necessitamos? Quantos anos viveremos? Será que teremos tempo cronológico para gastarmos tanto dinheiro apropriado indevidamente? Sabemos muito bem que quando morre ninguém leva nada da Terra.

Em tempos de pandemia, somos enterrados envoltos em lençóis, muitas vezes em covas ou cremações coletivas. O que é da Terra continuará na Terra. Sabemos através da história e dos antropólogos como eram enterrados os faraós do Egito: com seus pertences, inclusive ouro, barcos e, em tempos mais remotos, até com seus serviçais. Tinham a expectativa de poder utilizar na outra vida tudo que levavam dentro dos túmulos.

Aprendi com meu pai que não preciso mais que um par de sapatos, pois só tenho dois pés. E nem de longe imaginar ter objetos de grifes. Muitas vezes ficava revoltada, principalmente na adolescência, com essa atitude minimalista dele. Não que ele não tivesse o dinheiro, mas era porque queria nos mostrar e ensinar o que era essencial.

Esse ensinamento valeu muito quando deixei a cidade do Salvador para fazer um curso em uma universidade em Boston. Saí de casa com o que era permitido legalmente: apenas duas malas. E como a vida fica muito mais fácil sem o consumismo!

Quando vejo o noticiário com os escândalos de roubo em todas as áreas lembro do meu amigo Michael Listen, advogado criminalista, que uma vez me perguntou: “Você não faz o errado por ser errado ou por medo de ser descoberta?” E prontamente respondi: “Pela vergonha e medo de ser descoberta. Com a minha resposta, Michael deu uma gargalhada que poderia ser ouvida fora do nosso planeta! Sim, como poderia olhar no rosto da minha família e dos meus amigos?

Parece que quem rouba não está ligando para a vergonha. Parece que quem rouba está se perguntando quanto eu valho no mercado pelos meus pertences e por minha conta bancária.

Para finalizar, digo que aprendi a viver muito mais feliz com o que realmente necessito. O supérfluo foi excluído da minha vida. Até dos amigos consumistas me libertei, graças a Deus! Aprendi finalmente que o SER é muito mais importante e essencial do que o TER.

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Everett, MA 02149

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