Prisioneira fisicamente, mas nunca espiritualmente

E já começa um Ano Novo (2021) no calendário cristão e as restrições da nossa liberdade de ir e vir continuam severas, por causa do avanço da pandemia do Covid-19 no mundo inteiro, e a falta de vacinas suficientes para imunizar a todos. De nada adiantam a raiva, revolta e a agressividade para melhorar o meu temperamento ansioso, então sigo com a oração de São Francisco, usando minhas próprias palavras e compreensão: Senhor, dá-me inteligência, paciência e tolerância para aceitar o que não entendo e o que não posso mudar.

Pois, sigamos no confinamento físico, mesmo sabendo que o “inimigo” pode entrar pela nossa porta, sem nem percebermos, através de um delivery ou de uma correspondência, assim dizem os cientistas. Entretanto, o meu espírito, esse continua livre para pensar, aprender, orar e se comunicar. Utilizo de várias artimanhas para manter meu espírito livre, tais como leitura, principalmente sobre espiritualidade sem ser piegas, leituras sérias sobre pesquisas e sobre psicanálise, filmes e diversos documentários, assim vou seguindo dia após dia. Mente e espírito ocupados!

Escrever também é uma ótima maneira de confrontar a ansiedade, como também o pensar.  Então penso: o que posso fazer por mim hoje. Meus escritos servem para uma re-leitura a “posteriori”, para mim mesma ou para enviar para algum amigo angustiado, sempre alerta que cada indivíduo é único, sem querer interferir no livre-arbítrio dos amigos, sem querer julgá-los e sem nenhuma cobrança. Temos um cérebro muito rico de experiências e recordações vividas. Posso acessá-lo sempre, em busca de respostas ao que me aflige. As recordações também são importantes, acompanhadas da pergunta de como posso fazer melhor, se determinada situação de vida se repetir.

Outra coisa importante é chegar na minha janela ou varanda e olhar para o lado de fora. Vejo a vida se movimentando, pássaros cantando, micos nas árvores, algumas crianças brincando. Sinto o vento fresco batendo no meu rosto, o barulho de carros e ônibus circulando no meu bairro. Ouço o barulho dos vizinhos e dos seus animais de estimação. Sim, isso é a vida passando, indiferente a minha ansiedade e ao vírus que tanto me assusta. Que bom que tenho uma janela!

Os amigos são muito importantes, aliás, sempre foram importantes, principalmente aqueles que temos afinidades. Trocamos mensagens de apoio, fotos, textos e informações sobre o lugar onde moramos. Política, assunto muito perigoso por causa dos diferentes pontos de vista e paixões.

Não tenho paciência para participar de Lives, quero dizer, programa de entrevistas sobre diferentes assuntos e não gosto de chamadas de vídeo, exceção feita apenas para os netos. Geralmente estou desarrumada e descuidada da minha aparência física, já que vivo sozinha. Engraçado é que às vezes recebo solicitações desses contatos, o que sempre recuso sem titubear, pois acho invasão da minha privacidade. É a vida que segue seu curso, monótona, mas estável, na paz e sem nenhuma dor, talvez por mais um ano.

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Everett, MA 02149

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