Pensamentos em tempos de pandemia

Ainda vivenciando tempos de pandemia, trancada dentro de casa com janelas bem abertas, tão necessárias para a circulação do ar, sem muito “o que fazer,” além das tarefas domésticas diárias. Tempo de reflexão, para que possa sair dessa crise, que me tirou da ilusão da permanência, como um ser humano melhor.

E os amigos mandam mensagens perguntando como estou, ao que sempre respondo: aqui, na minha trincheira, com a metralhadora em punhos, esperando o Coronavírus passar para metralhá-lo. Tento fazer piada, para distrair as idéias e a monotonia que se instalou de repente na minha vida, longe fisicamente de todos que amo, e não sei por quanto tempo. Também me ocorre pensar na letras da música de Raul Seixas, “com a boca cheia de dentes, esperando a morte chegar.” Quem poderia prever uma situação dessas?

Alguns querem se consagrar como previsores de um futuro que agora se torna presente, e enviam textos de livros com mensagens inteligentes e apocalípticas. Na televisão, exibem filmes do como Noé, contando a história do Dilúvio. Estaria o Criador cansado da sua criação e achando que é tempo de exterminação, para que os que sobreviverem possam começar e estruturar um novo planeta?

Na verdade, somos testemunhas de como o mundo tem mudado, purificado da nossa daninha presença. O ar mais puro da poluição dos meios transporte e dejetos de fábricas. Os mares e os rios cheios de vida, depois que paramos de atormentar os que lá habitam com a nossa insistente e danosa presença. O planeta Terra se regenerando. Vem na minha mente a palavra GRATIDÃO. Gratidão por tudo que ganhei gratuitamente das mãos desse Criador e não dei nenhum valor, justamente por ter sido gratuito, sem nenhum esforço para conseguí-lo.

O sentimento de Gratidão nos traz equilíbrio, paz e felicidade, nos faz sentir privilegiados. Sim, a nossa mente se acalma, a ansiedade e depressão vão embora e se instala nesse lugar mental a quietude e plenitude. A valorização do que temos e que na maioria das vezes conquistamos com alguns sacrifícios e a valorização do que temos porque nos foi dado, não são “coisas sem valor” somente porque já as temos, já as conquistamos.

Gratidão com as mínimas coisas diárias, tais como um dia de sol ou mesmo um dia de chuva. Sempre com o contentamento e apreciação do aqui e agora, no momento presente. Aprendendo a agradecer por tudo a todos, nos da uma sensação de preenchimento, inclusão e propósito de vida. Como por exemplo, às vezes assistindo ou lendo o noticiário dou-me conta do meu privilégio: tenho um teto para me abrigar, enquanto outros sofrem com guerras, intolerâncias, desabrigo causado por bombardeios ou mesmo por desastres ambientais.

Tenho alimento, para saciar a minha fome, muitas vezes até em exagero. Não estou doente ou sentindo nenhuma dor, meu cérebro está funcionando espontaneamente e posso mexer qualquer parte do meu corpo físico que desejar. Não estou encarcerada em um presídio estadual ou federal, por ter cometido algum delito. O meu delito foi contra a humanidade e o planeta que habito, vale ressaltar; um delito muito sério.

No meu encarceramento físico por causa da pandemia (Covid 19) estou rodeada das “minhas coisas”: dos meus livros, tenho a minha confortável cama, eletrodomésticos e eletrônicos e essa sensação do que me é conhecido, estabiliza-me. Hora de contar as bênçãos e agradecer pelos privilégios, refletindo e agradecendo porque tenho tanto, enquanto o meu irmão sofre por nada ter.

Há alguns dias, recebi uma mensagem em um aplicativo de telefone celular sugerindo arrumar uma caixa ou um jarro com tampa, mas vazia e nele colocar todos os dias três notas para mim mesma, expressando três razões pelas quais eu sou grata. Achei um exercício bom e fácil. Por causa do sentimento de gratidão, a paz que me habita libera positividade para meu cérebro e o hormônio Ocitocina, também conhecido como o hormônio do amor, hormônio produzido pelo hipotálamo e armazenado na hipófise, responsável por desenvolver o apego e a empatia entre os humanos, que consequentemente aumenta os neurotransmissores para tomadas de decisões melhores.

Então, sugiro fazer o exercício de presumir das pessoas o melhor, ao invés do pior. Vamos fazer o exercício de nunca prejulgar (esse, muito difícil) e vamos administrar esses comportamentos de gratidão diariamente, para o nosso próprio equilíbrio mental, paz e felicidade.

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