Manipulação: jogar com as emoções do outro é o que há de pior nas relações

Fabiano F.

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Diz o ditado: “A vida é um grande jogo e só vence quem aprende a jogar”. A afirmação é válida desde que se tratem de jogos saudáveis, com regras claras e concorrência honesta. Caso contrário, vira disputa vazia, doentia.

Não raro, em todo tipo de relacionamento há jogos implícitos, em que se corre o risco de ambas ou uma das partes errarem a mão. É quando as relações passam a ser pesadas e desprazerosas. Jogar pode até ser sedutor, mas com sentimentos não se brinca. Não interessa se o jogo em questão é com uma pessoa próxima ou mesmo se ocorre em escala. A mídia joga o tempo todo. A publicidade e o marketing vivem disso. Alguns políticos, então…

O uso da comunicação como instrumento de manipulação de massas facilita a incorporação de jogos psicológicos em nossas vidas. Hoje em dia, até as crianças manipulam emocionalmente seus pais. Estamos em uma constante negociação, em que impera o velho “salve-se quem puder”. Assim, faz jogo psicológico quem não assume a responsabilidade e sempre coloca a culpa no outro.

Também joga quem cria saia justa para os outros como uma forma de vingança velada. Promove manipulação quem usa filhos, pais, irmãos ou amigos, colocando-os uns contra os outros para atingir seus próprios objetivos. Há muitos jogos psicológicos em andamento por aí, cujos placares são sempre desastrosos. No ambiente de trabalho brotam joguinhos de poder, disputa de território e reconhecimento furtado do esforço alheio. Sem contar quando os próprios chefes são os deflagradores da manipulação porque, com isso, acabam colhendo vantagens.

Jogar com as emoções do outro é o que há de pior nas relações humanas. Muitas vezes, fazemos isso até sem estar conscientes, pois, instintivamente, aprendemos vendo as pessoas jogarem o tempo todo ao nosso redor. Parece haver sempre uma disputa de “gato e rato” nos rondando, em que em uma situação somos vítimas e, na outra, algozes.

Quando o jogo psicológico se torna algo automático, praticamente perdemos a capacidade de deixar a vida transcorrer em seu livre curso.  Jogar deixa as relações muito complicadas e sempre por um fio. Nos relacionamentos afetivos, a manipulação provoca dor, mágoas e coloca a perder sentimentos que um dia foram puros e verdadeiros. É preciso tomar cuidado para não criar ou cair em um jogo psicológico. Comece fazendo um exame minucioso de suas relações pessoais e profissionais. Pergunte-se: você está sendo o mais justo e honesto possível? Tem assumido suas responsabilidades ou sempre fica em cima do muro e foge daquilo que lhe compete? Tem constantemente provocado jogos que confundem as pessoas e logo depois você aparece com soluções, ocupando o papel de “salvador”?

Parar de fazer joguinhos psicológicos é parar de pressionar e cobrar os outros para atender às suas vontades e expectativas. Quando você assume que tem qualidades e defeitos não precisa apelar para a manipulação. Jogar cansa, desgasta os relacionamentos e impede que sejamos nós mesmos e enxerguemos o outro como ele é. Não vale a pena repetir padrões do passado. Chega uma hora em que é praticamente obrigatório rever posturas e simplificar a vida. É assim que nos abrimos para o autoconhecimento. É assim que nos tornamos grandes, não para os outros, mas para nós mesmos.

Fabiano F. é jornalista e autor de livros de autodesenvolvimento, como o “Enfrente”, de onde este texto foi extraído. Email: fabianoescritor@gmail.com

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V12 - 2019 | Nº 78
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