Nascida em Maceió em 1987, Gabi Coêlho é uma fotógrafa e artista visual que encanta e provoca com suas obras de fotoperformance e autorretrato. Suas primeiras mostras individuais, “Lírios, Rosas e outras flores” na Galeria de Arte do Sesc Arapiraca e “Imensidão Íntima” na Galeria do Complexo Deodoro em Maceió, são uma ebulição avassaladora de sua habilidade de transformar imagens em pura poesia visual.
Gabi começou sua jornada na fotografia em 2014, inicialmente focando em fotografar famílias. No entanto, quatro anos depois, sentindo a necessidade de transbordar sua inquietude criativa, ela se inscreveu em um curso online de autorretrato. “Caí de paraquedas e me assustei bastante no início”, relatou Gabi. O curso expôs a artista visual a um novo mundo onde a fotografia se encontrava com a performance, uma combinação que se revelou revolucionária para ela. “Suei, tremi… Até precisar ir para a frente da câmera e ver que as coisas começavam a fazer algum sentido”.
Quando questionada sobre como funciona seu processo criativo, linearidade não está no enredo. Ela compartilha: “Meu processo é um pouco caótico, vai ao sabor do vento. Mas, em vias gerais, eu posso dizer que sou uma ‘coletora’. Eu gosto de ir a papelarias, por exemplo, e adquirir materiais que podem encaixar em alguma ideia futura, como é o caso das tintas, por exemplo. Gosto de pegar objetos que chamem minha atenção, como uma lâmina ou uma agulha, e deixá-los num cantinho, para quando minha mente convidar esses objetos para uma dança”. Paralelamente, ela consome uma vasta gama de arte – música, cinema, literatura – que contribuem para um repertório poético e imagético, transformando-se em ferramentas de trabalho.
A principal mensagem nas obras de Gabi Coêlho é a de tocar o outro, de fazer sentir. “Eu repito sempre que minha sede é de tocar o outro, de fazer sentir. Eu não busco tanto fazer sentido. Meu objetivo nunca é que as pessoas encontrem lógica no meu trabalho, mas que elas encontrem um sentimento, seja ele qual for”, explica a artista. Durante a pandemia, essa busca por conexão emocional se intensificou, à medida que Gabi tentava atravessar a tela e alcançar o público em um momento de isolamento.
Entre seus diversos trabalhos, Gabi destaca “Qual é o limite?” como um dos mais significativos. Este projeto representa o ponto máximo de sua tentativa de transbordar sentimentos para o outro. “Tem uma tesoura cortando minha língua! O que isso te faz sentir? Isso te incomoda? SINTA!” Esse trabalho, carregado de verdade, é disruptivo e cheio de força.
Como muitos artistas, Gabi enfrenta desafios para se dedicar exclusivamente à sua arte. A limitação de espaço é outro obstáculo significativo, criando suas obras em um espaço de 2x1m entre sua cama e a parede. Além disso, os desafios propostos nas imagens são reais, resultando em máculas, feridas e alergias. “É cansativo e restritivo, mas também faz parte do processo e do impacto que quero causar”. Apesar dessas dificuldades, o resultado de seu trabalho é surpreendente e demonstra sua capacidade de transformar desafios em arte impactante.
Gabi Coêlho continua a desafiar e expandir os limites da fotoperformance e do autorretrato, criando obras que não apenas capturam momentos, mas que também evocam sentimentos profundos e duradouros. Sua arte é um convite a sentir, a se conectar e a se deixar tocar pela intensidade de suas imagens.