Sociedade do Barulho: É tempo de silenciar para viver com mais qualidade

Fabiano F.

autoconfiança (5)

Vivemos na Sociedade do Barulho: o celular vibra, o e-mail chega sem parar, a notificação da rede social apita; a TV satura com notícias horríveis e a lista de tarefas parece que nunca termina. As exigências do cotidiano se impõem desde o primeiro momento do dia: as obrigações de casa, a pressão no trabalho, os compromissos sociais, os prazos, as regras, os padrões. Tudo parece urgente. Tudo precisa ser resolvido. Tudo exige resposta imediata.

Cada vez mais tenho percebido que essa correria não é apenas externa. Com o tempo, ela passou também a habitar também o nosso corpo e a nossa mente. Ficamos inquietos, cansados, distraídos e, com isso, começamos a perder o contato com aquilo que é simples, essencial e silencioso.

O mais curioso é que muitos dos recursos que buscamos para aliviar essa sobrecarga – mais informação, mais planejamento, mais desempenho – acabam nos afastando ainda mais do que realmente precisamos: uma pausa, um tempo de respiro, um espaço sem cobranças. Infelizmente, foi se o tempo em que isso era natural. Agora é preciso ser intencional para que isso ocorra. É necessário certo esforço e muita consciência para virar a chave e entender o verdadeiro valor do ócio.  

Precisamos reconhecer: estamos carentes de silêncio. Não apenas da ausência de som, mas de um estado em que possamos ouvir o que está dentro de nós. Um silêncio que nos permita escutar a natureza, o nosso corpo, a nossa respiração. Um silêncio sem barulho externo, e também sem a obrigação de produzir, responder ou melhorar o tempo todo.

Esse silêncio não se impõe: é preciso cultivá-lo, com pequenas escolhas que rompem com o ritmo acelerado que nos foi imposto pela sociedade moderna. Podemos começar dizendo “não” com mais tranquilidade – recusar convites ou tarefas sem culpa – reconhecendo nossos limites. Podemos reduzir nossa agenda, abrindo espaço para o inesperado e para o descanso. E passou da hora de deixarmos horários livres, sem a obrigação de “aproveitar o tempo”.

Pare para pensar: há valor em simplesmente não fazer nada. Em ficar alguns minutos por dia em silêncio, sem ouvir, sem falar, sem acessar telas. Dar ao cérebro um descanso. Ao corpo, um alívio. À mente, um pouco de sossego. São nessas pausas que reencontramos algo que a pressa havia soterrado: nossa própria humanidade.

Também é saudável desistir da ideia de que precisamos ser os melhores, os mais eficientes, os mais atualizados. Em vez de correr atrás de tudo o tempo todo, podemos escolher acompanhar o que realmente nos importa. Desacelerar não é fracassar. É escolher viver de um jeito mais inteiro, mais presente.

O silêncio não é perda de tempo. É reconexão. É espaço. É cuidado. Em meio a tanto barulho, ele pode ser um gesto de coragem – e talvez o começo de uma vida mais verdadeira. Pense nisso! 

Fabiano F. é jornalista e autor de livros de autodesenvolvimento, como “Agora Vai” e “Enfrente”. Email: fabianoescritor@gmail.com

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