Centro do Trabalhador atinge marco de 5 mil atendimentos

Marcony Almeida

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Por Fabiano Latham

Lutas, conquistas, momentos difíceis, vitórias e a certeza de que vale a pena seguir adiante defendendo o respeito e a igualdade do imigrante. E assim que descreve a diretoria do Centro do Trabalhador Brasileiro, a organização sem fins-lucrativos em Boston, que chega aos 23 anos celebrando serviços à comunidade brasileira, e instituições representativas e políticas.

Por ano, são aproximadamente 5 mil atendimentos, ajudando a esclarecer sobre direitos e deveres, a capacitar profissionais e, principalmente, a unir as pessoas em torno de causas que defendem o bem de todos. Desde a diretoria, aos profissionais, voluntários e aos doadores e patrocinadores, todos se comprometem em ajudar ao imigrante brasileiro.

Em entrevista, a diretora-executiva, Natalícia Tracy, comenta sobre o significado de comemorar 23 anos, fala das atividades da instituição, e também deixa uma mensagem para a comunidade brasileira:

O CTB está completando 23 anos de atividades. Como diretora-executiva, qual o sentimento em torno dessa celebração?
Natalícia Tracy – Estamos muito felizes em poder servir a comunidade. Entendemos que quanto mais conquistas e quanto mais trabalhamos, mais nos tornamos responsáveis. Estamos lidando com um tempo político muito difícil aqui e no Brasil, e isso influencia bastante, pois nossa comunidade é transnacional e muito mista no nível educacional. Lidamos constantemente com questões ligadas à raça, etnia, educação e racismo, além de abuso no trabalho, principalmente com as pessoas que chegam e são maltratadas e algumas, infelizmente, crescem e depois acabam fazendo o mesmo. Por isso temos de ter jogo de cintura e reforçar nosso papel de ajudar a esclarecer a todos. Nossa missão é oferecer o melhor possível para todos, dando respeito e também exigindo.

Que balanço a senhora faz dos últimos dois anos?
Natalícia – Muitas coisas aconteceram. Acredito que mesmo as perdas são vitórias, pois as dificuldades são oportunidades para crescer e melhorar. No mundo político, acredito que tivemos muitas tristezas e desapontamentos, mas também criamos oportunidade para ter uma visão mais ampla e entender melhor nosso espaço como comunidade e nosso lugar junto a outras organizações. Um exemplo é que antes da entrada novo presidente, trabalhamos duro na campanha de Imigração antes do Barack Obama sair e estávamos seguros de que conseguiríamos passar uma nova lei.  Isso não ocorreu, mas deixamos claro nossa posição em nível nacional, trabalhamos com várias organizações, fomos tratados com respeito crescemos politicamente.

Como a senhora avalia a atuação do centro atualmente em comparação há alguns anos?
Natalícia – Hoje o Centro do Trabalhador é muito respeitado pelas organizações lá fora, sejam elas de igual tamanho ou maiores, além de políticos, sindicatos. Quando iniciei na direção em 2010, tínhamos perdido parcerias e prestígio, mas ao longo dos anos o trabalho conjunto foi mudando isso. Nunca podemos dizer que está 100%, mas estou consciente de que como mulher negra serei sempre mais testada que um homem branco, independentemente do meu nível educacional. Mas estou preparada para os desafios. Eu destaco também que os treinamentos que oferecemos ao trabalhador são nosso forte, principalmente pela parceria com o Departamento de Trabalho. E a atuação da nossa equipe interna é também de muito comprometimento. Temos pessoas que estão há anos trabalhando conosco em nossas causas.

O Centro também faz um trabalho de educação política?
Natalícia – Sim, fazemos. Por termos a categoria 501C4, trabalhamos educando a comunidade na política. Não ganhamos a eleição passada, mas ganhamos terreno e mostramos nossa força não só em Massachusetts, mas em vários outros estados. Isso nos fortaleceu e mostrou quem somos. Posso dizer também que o centro teve várias vitórias nos últimos dois anos, trabalhando para derrotar políticas anti-imigratórias. Junto com outros grupos, atuamos para não deixar que projetos que pudessem prejudicar os imigrantes fossem adiante. Com isso, hoje outras instituições que querem lutar por alguma lei pedem nosso apoio, o que mostra que temos força. Na parte econômica e social, várias organizações convidam o centro para parcerias em projetos.

 Que mensagem você gostaria de deixar para a comunidade brasileira?
Natalícia – Gostaria que o brasileiro tirasse um tempo para conhecer e entender seus direitos e saber mais sobre a comunidade onde vive. Acredito que está faltando um pouco mais de integração. Vejo que outros grupos que usam o espaço do centro, como os cabo-verdianos, haitianos e hispanos dão muito mais valor ao nosso trabalho do que o brasileiro. Assim como o americano, que faz voluntariado muito mais do que o brasileiro. Penso que se nossa comunidade se dedicasse mais às nossas causas, estaríamos construindo um futuro muito melhor para todos.

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