Brasileira recebe doação após campanha por filho preso pela Imigração

Marcony Almeida

O Centro do Trabalhador Brasileiro (CTB) entregou na última quinta-feira, 30, um cheque no valor de US$ 10.629,00, referente à arrecadação para ajudar a mãe brasileira W.R, que ficou presa com seu filho de 9 anos na Imigração em Baytown, no Texas. Esse foi o valor total arrecadado, mas descontadas as taxas do PayPal Giving Fund, ela recebeu US$ 9,742.56.

No mês passado, o CTB ajudou na liberação dela e da criança, por meio do Lawyer’s Committee for Civil Rights and Economic Justice e WilmerHale, advogados parceiros da entidade. Na ocasião foi lançada uma campanha no Gofund.me para arrecadar fundos. A maioria das doações foram privadas e vieram de americanos.

Para a diretora executiva do Centro do Trabalhador, Natalícia Tracy, é uma satisfação para a entidade estar na posição de ajudar membros da comunidade, principalmente pessoas como essa mãe que chegou aos EUA tendo seus direitos humanos violados. “Como diretora e como mãe foi fácil entender o que se passou e por isso passamos a ajudar nesta causa”, disse.

Segundo a Natalícia, a intenção é continuar a apoiar W.R e seu filho na adaptação e no processo imigratório. “Estamos também muito gratos pela parceria com Lawyer’s Committee”, ressaltou. Após receber o valor da campanha, W.R afirmou estar muito agradecida por todo o apoio, tanto dos profissionais do Centro do Trabalhador quanto das pessoas que fizeram doações. “Só tenho a dizer muito obrigada e que Deus abençoe a todos que ajudaram e que os dê em dobro”, disse.

Ela conta que ainda está se adaptando após ter passado 44 dias num abrigo do governo separada do filho. W.R. já o matriculou numa escola e agora aguarda também para que a criança tenha atendimento de um psicólogo. Ela diz que vai usar o dinheiro da campanha para as despesas com o filho e para custear as necessidades de sobrevivência.

Entenda o que aconteceu

W.R é de Cuparaque (Minas Gerais) e veio para os Estados Unidos pela fronteira do México, quando foi presa pela Imigração. Ela alega que estava sofrendo violência e perseguição do marido no Brasil e viajou em busca de mais segurança e oportunidades.

Sem falar inglês e separada do filho, W.R. pediu ajuda para um irmão que mora na região de Boston. Foi ele quem entrou em contato com o Centro do Trabalhador, que imediatamente iniciou o acompanhamento do caso.

A diretora executiva do Centro do Imigrante, Natalicia Tracy fez contato com escritórios de advogados e conseguiu o apoio de Ivan Espinoza-Madrigal, diretor executivo do Lawyer’s Committee, em parceria com WilmerHale. Desde então, o caso virou uma verdadeira batalha jurídica.

Segundo o advogado, o governo federal usou vários obstáculos burocráticos para separar mãe e filho. A mulher nem sequer tinha o número de identificação da criança, o que dificultava ainda mais a reaproximação, mesmo após receber liberdade antes que o menino. “Eles argumentavam que a separação foi necessária e feita com base no interesse público da aplicação das leis”, disse Madrigal.

Depois de sair do abrigo ela continuou em busca de ter o filho de volta, e após 44 dias conseguiu reencontrar a criança. “O sufoco passou e agora, com o apoio dos advogados, estamos juntando documentações para iniciar o nosso processo”, conta W.R.

Para se ter uma ideia, o caso desta brasileira teve grande repercussão e conseguiu apoio até da deputada federal Katherine Clark (MA-5), do senador Edward Markey e da senadora Elizabeth Warren. A mídia americana também noticiou o reencontro dela e da criança e os depoimentos feitos em conferência no Centro do Trabalhador.

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