Nós, e nossas doenças mentais

Muito cedo, comecei a perceber as diferenças mentais e intelectuais entre as crianças, tais como dificuldades em foco de atenção, em  leitura e matemática, dificuldades em escrever, dificuldades motoras e a lista segue sem fim, sem esquecer das mais graves, do tipo esquizofrenia.

Como tenho 76 anos, naquela época, não existiam tratamentos para ajudá-las, somente a insistência dos pais, incansáveis nas suas tarefas parentais.  Intrigada, pensei em estudar para compreender melhor as doenças mentais. Escutava histórias do tipo “o estalo do Padre Antonio Vieira” e ficava imaginando que estalo seria esse, já que fui uma criança que atualmente seria diagnosticada com dislexia e com dificuldades de aprendizagem. Fui dispersa, sempre tive dificuldades em montar quebra-cabeças, tinha dificuldades em reconhecer as letras e na assossiação das letras com os sons para formar palavras.

Durante todo o ensino primário tive tutora. Isso era vergonhoso para mim, afetava minha auto-estima, mas seguia meu curriculum escolar com muito esforço. Com apoio, fui superando as minhas dificuldades, exceto pela dislexia visual para diferenciar direita e esquerda, que persiste até os dias atuais.

Infelizmente, as doenças mentais são hereditárias. Porque as doenças mentais provem de um distúrbio genético, não há como prevení-las. Conheço um casal onde o homem optou pela esterelização através de vasequitomia, por ter consciência dos problemas de saúde mental na sua família.  Felizmente ele foi sempre honesto com as namoradas e desde o início das relações ele esclarecia o fato de não querer ter filhos e as razões para tal decisão.

Assisti a um documentario recentemente, onde prfissionais de saúde no Japão, entre 1948 e 1996, submetiam as pessoas à esterilização forçada para garatir que não tivessesm filhos. As mulheres foram operadas sem o seu consentimento, com o argumento de “proteger o interesse público, de modo a prevenir a transmissão hereditária de doencas”. As autoridades japonesas nunca reconheceram o fato, para não terem que pagar indenizações aos prejudicados.

A OMS  (Organização Mundial de Saúde) divulgou dados  que 14% da população mundial sofre de transtornos mentais. Dados apontam que de quatro brasileiros um sofre ou sofrerá de algum transtorno mental ao longo da vida, incluídas estão os transtornos de depressão e ansiedade. Os fatores que mais causam doenças mentais são, além da genética, estress, nutrição e exposição a perigos ambientas. O suicídio e a auto-flagelação são preocupações especialmente entre adolescentes.

Enfim, pouquíssimo fiz durante a minha vida para ajudar aos meus familiares com doenças mentais, como pretendia. Ajudei a mim mesma com muita terapia e estudos, mas quanto aos famiiares, não tive paciência para prosseguir. Vou precisar de outras infinitas reencarnações para atingir meus objetivos. Penso em John Nash, um matemático que aos 21 anos formulou uma teoria, mas seu maior êxito foi a luta contra a esquizofrenia, que muitas vezes o incapacitava. Que Deus me ajude!

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