Não conheço assunto mais difícil para enfrentar do que a MORTE, nem mesmo um divórcio! Ninguém parece querer conversar sobre a morte. Pensamos, talvez, que ao evitar a conversa, nós escapamos dela. Já escutei de uma amiga, uma grande estudiosa e leitora voraz de assuntos gerais que além de psicóloga, é advogada e professora, que o problema que culminou com a perda e expulsão dos humanos do paraíso, foi a curiosidade de Adão e Eva em saber igual a Deus.
Bom, segundo a essa minha amiga, a curiosidade veio da descoberta de que o corpo físico iria morrer, ou sobre a morte. O sentimento da perda é realmente imensurável, incalculável. Sabermos que nunca mais iremos conviver com a pessoa que tanto amamos, é uma dor que não conseguimos calcular!
Nenhum de nós pode escapar dessa realidade. Se temos animais de estimação, por exemplo, sabemos que eles vivem pouco e fatalmente iremos perdê-los em curto prazo. Teremos que conviver com essa realidade. A tristeza e a dor da perda gera um profundo luto. A literatura fala em dois anos, mas para mim o luto da perda do meu companheiro durou cinco anos, sem nenhuma muleta, ou seja, sem nenhum remédio.
Temos que esperar que o luto passe, como passam as marés, as fases da lua, os dias e os anos. A dor foi imensa, tanto que achei que iria morrer junto com ele. Demorei 52 anos para encontrá-lo e de repente fiquei com a vida vazia e sem nenhum sentido. O mundo desmoronou na minha frente e tudo que construir em 12 anos, em apenas vinte minutos desapareceu. Foi a partir desse ponto que comecei a acreditar em vida após morte, pois o meu companheiro vinha ao meu encontro quando eu estava prestes a despertar, tanto para me consolar quanto para conversar comigo, algumas vezes até me trazendo avisos do que estava para acontecer, em um futuro bem próximo.
Minha mãe dizia e, eu realmente não sei onde ela achou essa citação: “Filhos, melhor não os ter do que os perder”. Ela sabia sobre essa dor, porque perdeu quatro filhos no total, sendo que dois foram resultados de abortos. Dependendo dos rituais religiosos, o sepultamento dos mortos acontece diferentemente. No Brasil, cuja população em sua maioria é católica, o sepultamento dá-se em torno de 24 horas após morte. Nos Estados Unidos da América, por causa do rigoroso inverno, demora para sepultarmos nossos queridos.
Ao invés de termos um ritual religioso entre lágrimas, faz-se uma festa, celebrando a vida de quem se foi, com amigos, comidas e bebidas, muitas vezes até com músicos tocando. Fotos de diferentes momentos da vida do que morreu são espalhadas pelo local, agradecendo e celebrando a vida que a pessoa viveu, com muita alegria.
Para os judeus, ouvi dizer que é desrespeito mostrar ou exibir o corpo do morto. Lê-se um trecho da Tora e cada pessoa ajuda a cobrir o caixão com um punhado de terra. Os judeus não usam flores nos sepultamentos, mas somente a Estrela de Davi.
Achei em uma pesquisa que fiz pela internet, que no ritual de morte e sepultamento de um individuo praticante do Candomblé, o morto é sepultado de pé no caixão. Tentei checar essa informação com meu amigo José de Ribamar, que é filho da Ialorixá Mae Stella, e ele negou-se a me dar essa informação. Riba até me explicou que no Candomblé o corpo do morto não deve ser cremado, mas enterrado, ou seja, devolvido a terra, de onde veio.
O sepultamento é acompanhado de cânticos. No caso de morte de Ialorixá, ou seja, mãe de Santo. O terreiro deverá ficar sem atividades litúrgicas por um ano. já na Umbanda, o sacerdote faz a purificação do corpo utilizando incenso e água consagrada. Em seguida, faz uma cruz na testa, garganta peito, plexo, umbigo e nas costas das mãos e pés, com pemba, ou seja, uma espécie de giz, feito de calcário usado principalmente em rituais religiosos, com diferentes formas geométricas, que representam falanges de espíritos ou guias.
No século XIV, era comum os sepultamentos serem feitos em igrejas, exceto para os escravos, que eram enterrados em covas. No hinduísmo, sabemos que o ritual de passagem da vida para a morte é desprovido de formalidades eclesiásticas, mas focado na liberação entre espírito e corpo físico. Uma das principais crenças está relacionada com a reencarnação do indivíduo.
No Nordeste do Brasil ouvi dizer que se tem o hábito de um discurso antes do sepultamento do indivíduo. Eu pessoalmente não gosto desse hábito, onde em alguns casos o discursante quer mais falar e mostrar sobre si mesmo. Ainda acho pior o hábito de baterem palmas para o defunto, que não mais está ali, para agradecer. Prefiro uma cerimônia simples, bem do jeito dos judeus.
Nos praticantes da religião islâmica, o corpo do morto deve ser enterrado dentro de 24 horas após sua morte. No islamismo não se pode fazer cremação do corpo do falecido e nem velório. A cremação representa uma ofensa a cresça na ressurreição do corpo. O morto deve ser lavado por um muçulmano do mesmo sexo. O corpo é sepultado sem caixão e envolto em tecido branco, enterrado com a cabeça na direção de Meca, local sagrado para o Isla.
Bom, a minha pesquisa sobre a morte em diferentes religiões foi grande e intensa e quero encerrar por aqui. Acredito que dissertei bastante sobre a morte e seus rituais de passagem, o que muito me ajudou, porque como disse no início, esse é um assunto muito necessário e que ninguém que conheço quer abordar. Que nós e os que ainda estamos vivos, possamos tomar nossas as próprias decisões do que e como queremos o nosso sepultamento, se bem que minha mãe desejou uma banda de pagode durante o seu sepultamento e ninguém pareceu se recorder desse desejo dela. Fiquei em saldo devedor! Faz mal nenhum, pago na próxima encarnação!

