Este mês, meu filho mais novo, Benjamin, está se formando na escola elementar aqui em Nova York — e com ele, sinto que eu também estou passando por uma grande transição.
Para quem não conhece, as escolas públicas aqui nos Estados Unidos vão apenas até a 5ª série no chamado elementary school. Desde que o meu filho mais velho, Daniel, entrou na escola pública (que aqui é gratuita a partir dos 3 anos, embora obrigatória só a partir dos 5), eu me envolvi completamente com a escola — e por 10 anos, fiz parte da mesma comunidade escolar, quase como funcionária, mas sem crachá e sem salário.
Fui voluntária no PTA (Parent Teacher Association, o nosso Conselho de Pais e Mestres), e também atuei como chairperson do Title 1 Committee, decidindo o melhor uso de recursos extras destinados à escola. Fui membro do SLT (School Leadership Team), ajudando a moldar as práticas pedagógicas, e, este ano, lidero o 5th Grade Committee, que organiza a tão esperada cerimônia de formatura das crianças — marcada para o próximo 12 de junho.
Esses anos de trabalho voluntário diário me trouxeram algo que dinheiro nenhum poderia comprar: o sorriso dos meus filhos cada vez que me viam nos corredores, o reconhecimento dos professores, os avanços que conseguimos conquistar juntos — desde iPads, móveis novos, descontos em passeios até uma comunidade mais unida. O diretor da escola sempre dizia: “Pais que se envolvem na escola têm filhos com melhor desempenho”. E eu acredito profundamente nisso.
Agora, confesso: o sentimento é duplo. De um lado, vem o alívio — especialmente porque há dois meses comecei a trabalhar em tempo integral pela primeira vez desde que me tornei mãe, há 15 anos. De outro, bate um vazio e uma saudade antecipada, porque sei que não estarei mais ali no dia a dia, vivendo tão de perto cada etapa da jornada escolar dos meus filhos. Na middle school, que compreende do 6º ao 8º ano, os pré-adolescentes e adolescentes ganham mais autonomia e os pais costumam se envolver menos. Estarei presente, claro — mas agora de forma mais discreta, sem cargos ou comitês.
Não me arrependo de ter deixado a carreira em segundo plano para viver cada conquista dos meus filhos de corpo e alma. Se eu tivesse que escolher de novo, faria tudo exatamente igual. Mas confesso que estou amando trabalhar fora de casa, conhecer gente nova, fazer networking e ver o meu trabalho sendo reconhecido. Além de estar super orgulhosa dos meus filhos estarem se saindo otimamente bem sem mim para as tarefas básicas da rotina, como preparar um lanche saudável ou fazer o dever de casa. Estou muito feliz com o jeito que eles estão cuidando um do outro na minha ausência. Mas agora é hora de todos nós sairmos do casulo. Eles vão voar com suas próprias asas — e eu estarei ali, aplaudindo. Não tão de longe. Vamos juntos, separados, mas sempre por perto. Para o que der e vier.