A pandemia da COVID-19 vai acabar ou continuará em 2022?

Eduardo Siqueira

COVI

Nesta primeira coluna de 2022 vou ter que continuar a escrever sobre a COVID-19 porque, infelizmente, começamos o ano com um enorme aumento de casos da doença, dessa vez como resultado da variante ômicron do coronavírus. Depois do feriado de Thanksgiving, era esperado que o número de casos da COVID-19 aumentasse bastante a partir do final de dezembro do ano passado.

Nas primeiras semanas de janeiro de 2022, a média semanal de casos atingiu mais de 20 mil novos casos, mas deve diminuir durante o mês de fevereiro e provavelmente chegar a um número muito menor a partir de março. Felizmente, os sintomas da COVID-19 causada pela variante ômicron são semelhantes a de uma gripe ou resfriado e, são muito mais leves para quem já tomou três doses da vacina contra a doença, ou até mesmo quem tomou duas doses pelo menos um mês antes da infecção pela ômicron.

Esse aumento acelerado dos casos exigiu que todos nós tivéssemos acesso a testes rápidos de antígeno para fazer diagnóstico de infecção pelo vírus em casa, ou a testes PCR em locais onde fossem oferecidos gratuitamente. Infelizmente, houve falta de testes rápidos em todo o estado de Massachusetts e filas gigantescas nos locais onde se podia fazer o teste PCR sem custo. O fim de ano foi um verdadeiro caos!

Esse caos foi devido ao sistema político equivocado do governo Biden e do governador Baker, que depositaram todas as fichas na vacinação da população mas não fortaleceram a infraestrutura de saúde pública necessária para controlar a pandemia: centros de testagem distribuídos em todo o país e estado,  uso de proteção facial com máscaras N95 ou KN95 e o rastreamento eficiente de contatos.

Foi um erro grosseiro, porque em ambos os casos tanto o presidente quanto o governador cederam a pressões de interesses de empresas de aviação, e muitas outras que desejam manter a economia funcionando apesar do sufoco que os trabalhadores estão sofrendo. Todos os dias os jornais e televisões mostram imagens e relatam casos de empresas que fecharam as portas, reduziram horário de funcionamento ou não tem estoque suficiente para dar conta da demanda. Inúmeros voos foram e continuam sendo cancelados por falta de pessoal nas companhias aéreas. Além disso, os hospitais estão superlotados e médicos e enfermeiras afastados ou em quarentena de vários dias porque também ficaram doentes. Enfim, como se diz em inglês, “it is a mess all over the place”.

Apesar do quadro crítico atual, muitos cientistas sugerem que a variante ômicron pode ser o início do fim da pandemia, que em seguida possivelmente se transformaria em endemia, isto é, teremos uma situação parecida com a da influenza. Como sabemos, os casos de influenza, conhecida como “flu” nos Estados Unidos e gripe no Brasil, têm um pico todos os anos a partir do outono e diminuem a partir do fim do inverno.

Com a vacina contra a “flu” disponível, os vacinados podem até se infectar com os vírus que causam a “flu”, mas têm proteção contra casos graves, aqueles que  levam inclusive a óbitos. Os sintomas da gripe são fortes, geralmente incluem febre, calafrios, dor no corpo, cansaço, dor de cabeça, tosse, etc, mas geralmente eles terminam em uma semana. Como grande parte da população adquire imunidade contra a “flu” com a vacina, ela passou a ser parte da nossa rotina e aprendemos a conviver com a gripe.

Ainda não é certo se este cenário se tornará realidade em 2022 ou se ainda teremos novas variantes do Coronavírus contra as quais as vacinas conhecidas não oferecem proteção adequada. Enquanto não vacinarmos a grande maioria do mundo, o risco de aparecerem novas variantes continuará grande.

A esperança é que os governos dos países ditos desenvolvidos parem de apoiar as patentes das corporações farmacêuticas como a Pfizer e Moderna, que insistem em proteger seus enormes lucros ao invés de permitir que países ditos em desenvolvimento fabriquem vacinas nos seus países sem pagar os preços exorbitantes para comprá-las dessas empresas. É urgente que haja transferência de tecnologia para esses países, como os chineses fizeram com a Coronavac para o Brasil, que a produz em São Paulo no Instituto Butantã, e como os ingleses fizeram com a vacina da Astrazeneca, produzida no Rio de Janeiro pela Fiocruz.

A expectaiva é que em 2022 todos se unam para de uma vez por todas acabar com o chamado “apartheid” de vacinas. Se isto acontecer, aí sim a pandemia poderá transformar-se em endemia em quase todo o planeta.

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