Na segunda-feira (06), quase todos os leitos da emergência pediátrica do South Shore Hospital estavam ocupados por crianças que tentaram o suicídio ou apresentaram sintomas depressivos. Entre os dez pacientes, alguns deles já estavam há 12 dias aguardando um local que pudesse acolhê-los e cuidar das questões relacionadas à saúde mental. Além das crianças, cerca de 18 adultos também estavam aguardando leitos em outra instalação do South Hospital Shore, inclusive uma delas já estava esperando há mais de 17 dias.
Autoridades do meio hospitalar em todo o estado dizem que estão vendo números significativos de pacientes com problemas de saúde mental chegando nas emergências. Desde o início da pandemia o psicológico da população foi muito afetado e as autoridades dizem ter piorado nas últimas semanas, contribuindo assim para a superlotação das salas de emergência.
“Tivemos alguns dos volumes mais altos de pessoas acometidas com problemas de saúde mental. E os números continuam a subir.”, disse o Dr. Jason Tracy, chefe de medicina de emergência da South Shore Health, com sede em South Weymouth.
De acordo com dados compilados pela Massachusetts Health and Hospital Association, um hospital tinha 100% de seus leitos de emergência ocupados por pacientes aguardando uma avaliação psiquiátrica e à espera de tratamento, essa lotação foi em 2 de maio. Além disso, 557 pacientes estavam internados em salas de emergência de hospitais estaduais, esse número foi registrado em 16 de maio.
Ao contrário dos surtos de COVID, que parecem aumentar e diminuir com novas variantes, os surtos de pacientes com problemas de saúde mental que chegam às salas de emergência não parecem retroceder.
“Estamos vendo o que está começando a parecer uma tendência, que após cada surto de COVID, o volume de pessoas com saúde mental afetada aumenta”, disse Leigh Simons Youmans, diretor sênior de assistência médica da Massachusetts Health & Hospital Association.
Pacientes com problemas na saúde mental não é um fenômeno novo, uma pesquisa semestral realizada pelo Massachusetts College of Emergency Physicians desenvolvida nos últimos 11 anos mostrou que, mesmo antes da pandemia, mais de 100 pacientes com diagnóstico depressivo estavam internados em departamentos de emergência em todo o estado. É fato que a pandemia potencializou esse cenário.
Desde 2020, o número de internos nos hospitais pesquisados variou entre 194 e 282 pacientes. Além disso, entre 21% e 28% dos leitos do departamento de emergência foram preenchidos por pacientes com problemas de saúde mental, em comparação com 6% a 18% antes da pandemia.
As pessoas também estão internadas nas salas de emergência há mais tempo, em média por 78 horas, de acordo com a pesquisa de janeiro de 2022. Antes da pandemia eram entre 26 e 34 horas.
Youmans disse que os profissionais da área hospitalar também estão afetados, com problemas psicológicos e falta corpo técnico para desempenhar as atividades, esse fator também contribui para a atual crise de saúde mental. De acordo com uma pesquisa realizada pela Massachusetts Health and Hospital Association em fevereiro de 2021 nas instalações psiquiátricas independentes e unidades psiquiátricas de hospitais de cuidados intensivos, 208 leitos psiquiátricos de internação licenciados, equivalente a 9% dos pesquisados estavam inativos devido à falta de pessoal. Em outubro de 2021, esse número havia subido para 362 leitos, cerca de 14% dos leitos psiquiátricos pesquisados.