Lula e Trump destravam impasse e reaproximam Brasil e Estados Unidos

Andre Cesar

Lula e Trump

Com o encontro entre Lula e Donald Trump, em Kuala Lumpur, Brasil e Estados Unidos deram início a um novo ciclo de diálogo direto e pragmático. Pela primeira vez desde o início do tarifaço, as negociações bilaterais avançam sob a condução direta dos presidentes, sem a interferência de intermediários que, no passado recente, criaram ruídos e desconfianças. O resultado é um clima de pragmatismo e otimismo que se espalhou entre empresários e diplomatas dos dois lados.

De imediato, o principal desdobramento foi o início formal das negociações para rever o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras. Equipes técnicas já definem o cronograma das próximas rodadas e os setores prioritários — aço, alumínio, minerais críticos e energia. O Brasil pleiteia uma suspensão temporária das tarifas durante o processo e defende uma revisão estrutural que reduza o desequilíbrio comercial. Lula levou o argumento pessoalmente a Trump, reforçando que os Estados Unidos registram superávit no comércio bilateral, o que torna injustificada a taxação de produtos brasileiros. O presidente entregou um documento com os temas que pretende tratar nas próximas rodadas e disse ter recebido de Trump o compromisso de buscar um acordo de “alta qualidade” com o Brasil.

O diálogo direto encerra um ciclo de desconfiança iniciado em julho, quando as sobretaxas americanas ampliaram as barreiras ao agronegócio e à indústria pesada do Brasil. A relação, que por meses foi marcada por trocas de farpas e desconfianças mútuas, deu lugar a gestos de cortesia e elogios recíprocos entre os presidentes e entre os países. Ambos acenaram com a possibilidade de visitas oficiais em breve, reforçando o novo clima de aproximação e cooperação. À época, aliados de Jair Bolsonaro tentaram influenciar a Casa Branca, o que acabou travando as conversas diplomáticas. A nova fase, agora, substitui as divergências por um canal de cooperação que tende a acelerar resultados concretos.

Diversos setores econômicos já se mobilizam para aproveitar o novo ambiente. Reuniões estão previstas nas próximas semanas em Washington e Brasília, envolvendo ministros, empresários e representantes de agências de comércio e energia. A expectativa é que as tratativas se expandam para outras áreas estratégicas, como transição energética, semicondutores e minerais críticos — temas centrais tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos.

“Logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”, afirmou Lula após o encontro. A frase, ainda que diplomática, resume o tom do momento: uma tentativa de reposicionar o Brasil como parceiro confiável e essencial na reconfiguração global das cadeias produtivas.

Com os dois presidentes à frente e o diálogo restabelecido em bases maduras, Brasil e Estados Unidos inauguram uma fase de realinhamento que combina interesses econômicos e estabilidade política. Um passo firme em direção a uma parceria mais pragmática, menos ideológica e potencialmente transformadora.

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