Entre o julgamento e o abraço: a coragem de viver o agora

Manoela Maia McGovern

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Outro dia ouvi uma história que me fez pensar bastante sobre como enxergamos as escolhas das pessoas. Uma conhecida muito próxima decidiu retomar um relacionamento que havia ficado no passado por mais de 20 anos. Duas décadas se passaram, cada um viveu sua vida, errou, aprendeu, cresceu, se conheceu melhor. E agora, no tempo presente, decidiram se reencontrar – não como um “teste”, mas como duas pessoas que já sabem quem são e o que querem.

É claro que surgiram comentários. Uns disseram que era coragem tentar novamente, outros que não ia dar certo porque “ele ia aprontar”. E, no meio disso tudo, me perguntaram a minha opinião. Eu respondi com sinceridade: se não tenho algo positivo a acrescentar, prefiro ficar em silêncio. Afinal, se não gosto que opinem na minha vida, por que eu mesma faria isso com os outros? Desejar felicidade, torcer para que dê certo – para mim, isso já é mais do que suficiente.

Essa história também me trouxe uma reflexão pessoal. Porque a mesma pessoa que agora recebeu meu apoio, lá atrás, quando eu me separei, não conseguiu me oferecer o dela. Não porque não queria o meu bem, mas porque cresceu em um ambiente onde a opinião da sociedade pesava mais do que o afeto imediato. Eu entendi isso. E, de verdade, perdoei. A gente só dá ao outro o que consegue dar naquele momento. E é aí que entra a beleza da vida: a segunda chance. A oportunidade de rever, refazer, recomeçar. Todo mundo pode mudar, sim. Quem diz o contrário talvez tenha parado de acreditar até em si mesmo. Mas eu acredito. Acredito que a dor ensina, que o tempo cura, que a experiência transforma. E que a gente pode — e deve — buscar ser uma versão melhor da gente todos os dias. Não por obrigação, mas por vontade genuína de crescer e de viver com mais leveza.

Alguns podem até dizer que isso é ingenuidade. Que o mundo real é duro, que as pessoas não mudam, que finais felizes só existem nos filmes. Mas eu prefiro acreditar que é otimismo. E, sinceramente, o que seria da vida sem uma boa dose de esperança? Escolher ver o lado bom, torcer pelo outro, ser um ponto de luz na vida de alguém, isso não é ser ingênuo. É ter coragem. Coragem de amar de novo. De perdoar. De confiar. De olhar para frente com vontade de viver tudo de forma intensa, sincera e presente.

Hoje vejo que ser quem gostaríamos de ter por perto é a melhor forma de estar no mundo. Alguém com humor, alegria e vontade de viver. No fim das contas, viver o momento é isso: respeitar a história de cada um, apoiar sem julgar, e escolher ser uma presença boa na vida dos outros. Porque é assim que tudo fica mais leve – para nós e para quem caminha ao nosso lado.

E se tem algo que a vida me ensinou, é que não há tempo a perder com dureza, julgamento ou orgulho. A vida passa. E tudo o que a gente leva é o que foi vivido de coração aberto.