A rejeição da chamada PEC da Impunidade no Senado reafirmou um dado essencial da vida política brasileira: a mobilização popular continua sendo instrumento legítimo e decisivo para frear retrocessos e pressionar o Parlamento a ouvir a sociedade. O projeto, que pretendia dificultar processos judiciais envolvendo parlamentares e havia sido aprovado a toque de caixa na Câmara, encontrou nas ruas sua barreira mais eficaz.
Milhares ocuparam as ruas em dezenas de cidades. Os protestos reuniram artistas, acadêmicos, movimentos sociais, entidades sindicais, figuras públicas — mas, sobretudo, a adesão espontânea de cidadãos inconformados com a perspectiva de mais um privilégio institucionalizado.
A reação foi imediata no Congresso. Deputados federais que haviam votado a favor do texto vieram a público pedir desculpas, reconhecendo o erro diante da força da opinião pública . No Senado, a Comissão de Constituição e Justiça arquivou a proposta por unanimidade, após dias de intensa pressão social e debate cívico. Em discursos oficiais, parlamentares admitiram que a mobilização popular foi determinante para enterrar a PEC.
Mais do que um episódio isolado, a derrubada da PEC da Impunidade reafirma uma tradição histórica: no Brasil, a sociedade civil sempre respondeu quando valores fundamentais estiveram em risco. Da campanha pelas Diretas Já à luta contra a corrupção em diferentes momentos, a rua nunca deixou de ser um espaço de resistência. Agora, ao barrar um retrocesso que blindaria políticos, a população envia novamente uma mensagem clara: mais do que partidos ou agendas específicas, é a sociedade ativa e plural que define os limites do possível.
Recado dado e reforçado. Quando se trata de democracia, as ruas continuam sendo o mais poderoso bastião de resistência.