Mais do que nunca estou convencida de que precisamos de educação política. E essa educação passa pela história. História do mundo, história do Brasil, história dos Estados Unidos. Para termos base para discutirmos e entendermos o momento atual no mundo, temos de conhecer a história, porque a história se repete e muito do que acontece tem raízes muito mais profundas do que nós percebemos.
Por exemplo, as razões que levaram o Brasil a ser o último país do mundo a abolir a escravidão precisam ser entendidas do ponto de vista econômico. O comércio escravo foi produto do preconceito, da discriminação e do racismo, sem dúvida alguma, mas também fruto da necessidade dos grandes senhores de engenho e fazendeiros de fazer dinheiro. Escravo era mão-de-obra barata. Acabar com a escravidão, significava perder esta mão-de-obra e ter de pagar o branco, que não ia trabalhar de graça nem se sujeitar à exploração.
Hoje em dia a escravidão e a rentabilidade da mão-de-obra barata são representadas pelo imigrante. E quanto mais anti-imigrante o governo, mais fácil fica explorar. É o que temos visto nos últimos anos, principalmente depois dos atentados terroristas de 2001.
Por exemplo, um número grande de prisões são gerenciadas por empresas privadas, embora o custo seja mais alto do que se a prisão fosse gerenciada pelo governo. De acordo com o Instituto de Política de Migração, em agosto de 2016, pelo menos, três quartos dos imigrantes encarcerados diariamente estavam em centros de detenção gerenciados por empresas privadas. Uma década antes, a grande maioria destes centros eram controlados pelo ICE, a Imigração.
E por que?, pergunta-se. Lucro, com certeza. Tem pouca gente fazendo muito dinheiro às custas dos imigrantes. A CNBC afirma que a previsão orçamentária do governo diz que um detento custa por dia $133.99 ao Estado, mas ativistas pró-imigrantes colocam esse total em $200 por dia. Esse preço sobe ou desce de acordo com alguns fatores, por exemplo, número de dias que o imigrante fica preso. A mesma fonte diz que em 2018, o Departamento de Segurança Interna (DHS) estimou em 51.379 o número diário de imigrantes presos.
Ao mesmo tempo, o MPI calculou que, em 2017, os grandes contratistas de prisões privadas lucraram, juntos, $4 bilhões e que eles gastaram milhões em campanhas e lobbies políticos em favor dos seus interesses.
Conclusão, a meta anunciada pelo Itamaraty de apressar a deportação dos brasileiros esbarra na premissa do lucro, porque imigrante dá mais lucro se fica mais tempo preso, ou se a população a ser apreendida aumentar. Quer dizer, nada que nos beneficie.