Situação econômica e o aumento da violência no Brasil assustam os brasileiros, que estão decidindo ficar no exterior

Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, mais de 1 milhão de brasileiros moram nos Estados Unidos. Muitos emigraram entre os anos 1980 e 1990, quando a pobreza aumentou rapidamente por causa da hiperinflação do fim da ditadura militar. A atual situação econômica do Brasil é de estagnação, e o êxodo daquela época parecer estar acontecendo novamente. E como se não bastasse, lamentávelmente a violência aumenta assustadoramente, fazendo com que os brasileiros que vivem aqui nem pensem em voltar a morar lá.

As histórias relatadas pelos imigrantes são sempre bem parecidas. Geralmente quem mora aqui sente saudade dos parentes ou do país. Gostaria de trazer a água quente do mar, o calor do povo brasileiro, as festas tradicionais como o carnaval e os arraiais juninos, mas ao mesmo tempo sentem medo quando surge a pergunta se querem um dia voltar a morar no país tropical. Uns dizem que não se vêem mais tendo que colocar grades nas janelas, ou tendo que furar o sinal vermelho mesmo tendo carro blindado. E outras temem não conseguir encontrar um emprego decente que seja suficiente para dar uma vida confortável à família. Muitas pessoas que vão apenas à passeio, contam que não fazem coisas corriqueiras como correr na rua com receio de levarem o telefone celular ou o par de tênis de alguma marca famosa que custa uma fortuna por lá. É lastimável que um país de gente tão boa e bonita esteja com a criminalidade tão alta e o desemprego batendo recorde.

Liana Leahy, de 27 anos, nasceu em Maceió e se formou recentemente como Cientista de Dados, em Nova York. Ela fala que estudar no exterior era algo que sempre esteve nos planos. “Eu sempre tive o sonho de cursar o ensino médio em outro país, mas na época, acabou não dando certo. Quando eu estava cursando faculdade no Brasil, ouvi falar sobre um programa de intercâmbio nos EUA e decidi me aventurar. Pesquisei sobre cidades, cultura e outros fatores e de início a ideia era morar apenas um ano aqui, mas fui ficando”, conta a alagona. Ela ressalta que a saúde pública e a segurança são as dificuldades que mais a preocuparia, caso tivesse que morar no Brasil de novo. “Eu voltaria se surgisse uma oportunidade de trabalho muito boa, mas confesso que não me sinto segura lá. Tenho medo de ser assaltada, ou de ser assassinada por causa de algo de valor que eu esteja carregando. Só voltaria mesmo porque sinto muita falta da minha família. Saudades de fazer parte das datas importantes onde todos se reunem na casa dos meus avós”, desabafa.

Morando fora há 7 anos, ela diz que não se adaptaria de novo na cidade onde nasceu por já estar acostumada com a praticidade da cidade grande. “Eu lutei muito para conquistar meus sonhos acadêmicos e profissionais aqui. E tenho muito orgulho disso. O meu atual objetivo é terminar meu mestrado em Harvard ou na Universidade da Pennsylvania. No geral, acredito que os EUA oferecem mais recursos em termos de segurança, liberdade e um futuro estável para futuras gerações”, finaliza Liana.

Morando fora do Brasil há 12 anos, Elizabeth Gaitán Leonel está muito bem adaptada ao estilo de vida americana. Ela diz que o fato de ter morado 6 anos na Inglaterra antes de vir morar no EUA, ajudou bastante na adaptação. “Meu marido e eu trabalhamos em banco de investimento. E quando a  oportunidade de trabalho surgiu, pensamos, por quê não? Ele foi transferido para Londres em 2005, em seguida nos casamos e eu acabei indo também. O motivo foi profissional e tínhamos planos iniciais de ficar apenas dois anos, mas já são 12 ao total”, relata. Ela fala que se pudesse escolher hoje voltar para o Brasil, não iria pela atual conjuntura do país. E acredita que os filhos vão ter um futuro melhor por aqui. “Apesar das saudades que sentimos das nossas famílias, o nosso ramo de trabalho é concentrado em São Paulo, não sei se arriscaria voltar pra lá por causa dos meus filhos. A gente se sente mais seguro morando aqui e hoje com filhos isso é muito importante”, ressalta.

Apesar da situação do país não ser favorável, ela conta que vai continuar a ensinar aos filhos a língua portuguesa e tudo que puder sobre a cultura brasileira. “Nós vamos ao Brasil pelo menos uma vez por ano. Acho super importante o convívio das crianças com os avós, bisavós, primos, além de ter a chance do aprimoramento da língua. Com essas visitas nós conseguimos amenizar um pouco essa saudade, mesmo sem saber se a nossa estadia aqui será definitiva”, finaliza Elizabeth.