Outro dia, tomei um susto ao perceber que meu filho de 15 anos, Daniel, estava mais alto do que eu. Agora é oficial: ele me passou! Aquele menino que até ontem precisava de ajuda para alcançar o armário mais alto da cozinha agora olha para mim de cima, com aquele sorriso que carrega desde pequeno — mas agora com um queixo mais quadrado, voz mais grossa e um jeitinho de homem que está florescendo dia após dia.
Daniel está no primeiro ano do high school aqui nos Estados Unidos. E apesar da má fama que os adolescentes têm por essas bandas — de rebeldes e problemáticos —, o meu garoto caminha na contramão. Ele é focado, responsável, de bom coração… e um verdadeiro orgulho em todos os sentidos.
Sempre foi o primeiro da turma. Passou toda a middle school como aluno do quadro honorário (Honor’s Roll), com notas exemplares. E todo verão, enquanto a maioria dos adolescentes só pensa em descansar, ele se inscreve em aulas extras para conseguir terminar a high school um ano antes. Sim, ele é um nerd assumido — mas daqueles que também sabe dançar, jogar bola, fazer piada e ainda é super popular na escola. Oh sorte, meu Deus!
Ano passado, ele se meteu numa situação delicada: estávamos na casa de campo de amigos, e dois irmãos começaram a brigar feio. Daniel, achando que estava fazendo a coisa certa (e estava!), foi separar a confusão. No fim das contas, ele acabou levando a culpa da bagunça junto com os filhos dos donos da casa. Primeiro, porque éramos visitas e estávamos no meio de uma festa. Segundo, porque só havia crianças por perto e nenhum adulto viu o que realmente aconteceu.
Falei para ele, com o coração apertado: “Da próxima vez, não se mete. Mesmo que os dois estejam se matando, sai de perto.” Triste, mas real. Nem todo mundo valoriza uma boa ação, e quando não há testemunhas, tudo pode se virar contra você, mesmo você argumentando que achou que eles iriam se matar pelo nível dos socos e pontapés.
Apesar desse episódio, Daniel não perdeu seu jeito protetor. É um bom amigo e irmão, daqueles que aconselha o mais novo a fazer a lição de casa, a não deixar tudo para última hora. Um dia desses, ouvi ele dizendo para o Benjamin: “Não mente pra mamãe, ela sempre acaba descobrindo.” (Haha! Não que o Ben seja um mentiroso profissional, mas solta umas mentirinhas inocentes, típicas da idade.)
Mas sabe o que eu acho mais incrível dessa fase dele? Ele ainda me quer por perto. Gosta da minha companhia, quer colo, me chama para assistir filme, conversar, ouvir música. Os amigos dele vivem perguntando por mim e dizem que eu sou uma mãe “cool”. Que bom! E ele? Ele me conta tudo — sem filtro! Às vezes as histórias vêm com umas perguntas tão inusitadas que eu tenho que respirar fundo para não rir. Mas escuto tudo, de coração aberto, e agradeço todos os dias por essa conexão que temos.
Sim, meu bebê está crescendo. Mas em vez de me lamentar pelas saudades da infância, estou aproveitando cada segundo desse novo momento. A voz engrossando, o jeito mais sério, os papos de gente grande. Ver meu filho virar homem diante dos meus olhos é um privilégio — e mesmo agora, com ele me olhando de cima, ainda enxergo aquele menino doce que me escolheu como mãe. E eu sou tão feliz em ser mãe dele!
E quer saber? É muito divertido ser mãe de adolescente. Principalmente quando o adolescente é o Daniel.