Alimentação Saudável: Como conseguir na prática?

Eduardo Siqueira

          Nos anos 70, jovens de classe média brasileira que fizeram intercâmbio nos EUA voltavam para casa com algo além das experiências vividas e dos objetos de consumo tipicamente americanos na bagagem. Era bastante comum que após seis meses nos EUA eles retornassem ao país de origem com 10 quilos a mais. Então pensávamos: o que aconteceu com esses adolescentes que aumentaram o peso, enquanto seus irmãos no Brasil  se mantiveram no peso? A resposta nos parecia muito simples: a alimentação! Afinal, era uma época em que o excesso de peso e a obesidade na população brasileira ainda não eram problemas com os quais deveríamos nos preocupar; ao contrário, achávamos que a desnutrição era o maior problema do Brasil. A obesidade e suas complicações eram motivo de preocupação apenas nos chamados países desenvolvidos. 

          De lá para cá o mundo passou por muitas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais que transformaram o modo de vida das pessoas e a obesidade aumentou rapidamente muitos países. A incorporação de novas tecnologias e a industrialização na produção de alimentos baratearam o custo e tornaram esses produtos acessíveis para um número maior de pessoas que antes não podiam consumi-los. Cada vez mais trocamos nossos hábitos alimentares tradicionais  e culturais por alimentos industrializados de preparo rápido e prático. Porém, esses industrializados também são ricos em gordura, açúcar, sal e aditivos químicos. Eles são responsáveis pelo aumento do peso e também por muitas doenças como a pressão alta, o diabetes, taxas altas de gordura no fígado, doenças cardíacas e câncer.

          Para melhorar o padrão de alimentação e a saúde dos brasileiros, o Ministério da Saúde elaborou em 2014 o Guia Alimentar para a População Brasileira. Nele encontramos  informações e recomendações para escolhas que nos ajudem a manter uma alimentação mais equilibrada e saudável. O Guia recomenda que você faça dos alimentos in natura ou minimamente processados a base da sua alimentação. Os alimentos predominantemente de origem vegetal, são a base de uma alimentação balanceada, saborosa, culturalmente adaptada e promotora de um sistema de produção alimentar social e ambientalmente sustentável. Os in natura são obtidos diretamente de plantas ou animais sem sofrer qualquer alteração. 

          Quando submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento e processos similares que não envolvam adicionar sal, açúcar, gorduras ou outras substâncias, passam a ser chamados de minimamente processados. Neste grupo estão alimentos in natura como verduras, frutas, batata, mandioca e outras raízes e tubérculos. Ou outros que são embalados, fracionados, refrigerados ou congelados como castanhas, frutas secas, carnes, pescados resfriados ou congelados, ovos, leite, farinhas e massas.

          É importante diminuir o consumo de alimentos processados, devido aos ingredientes e aos métodos usados na fabricação de conservas de legumes, compotas de frutas, queijos e pães, pois geralmente eles são uma versão piorada da composição do alimento original. Outros alimentos que devemos evitar porque são nutricionalmente ruins  são os ultraprocessados, como biscoitos recheados, salgadinhos no saquinho, refrigerantes e bebidas açucaradas, macarrão instantâneo, etc. Por conta de sua formulação e apresentação tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos naturais ou minimamente processados. Além de não fazerem bem para a saúde, sua forma de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social, e o meio ambiente.

          A regra de ouro é  “Prefira sempre alimentos naturais ou minimamente processados e comidas caseiras ao invés de alimentos ultraprocessados. Escolha água no lugar de refrigerantes. Não troque comida feita na hora (caldos, sopas, saladas, molhos, arroz e feijão, refogados de legumes e verduras, farofas) por comida pronta como sopas de pacote, macarrão instantâneo, pratos congelados prontos para aquecer, sanduíches, frios e embutidos, molhos industrializados, misturas prontas para tortas. Prefira frutas ou sobremesas caseiras ao invés de algo industrializado.  

Fonte: Maria Tereza Frota, Professora Doutora de Nutrição da Universidade Federal do Maranhão. Visiting Scholar at UMass Boston em 2019-2020.

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