Para os milhões de adolescentes com menos de 18 anos que usam o aplicativo Instagram, a plataforma começou a ficar um pouco diferente. Meta, a empresa dona do Instagram lançou uma nova versão “teen”, depois de anos sendo criticada pelos riscos oferecidos para o público jovem. Por exemplo, todas as contas dos adolescentes criadas a partir de agora já virão configuradas como privadas. Essa opção já era disponibilizada antes, mas agora se você tem 18 anos ou menos você será forçado a ter uma conta privada querendo ou não. Adolescentes que têm 16 ou 17 têm a opção de mudar manualmente a configuração, mas que têm de 13 a 15 anos, terão uma supervisão parental no aplicativo e a necessidade de receber a permissão dos pais para ter um Instagram menos restrito.
Como mãe de dois, sendo um já adolescente, não posso negar que essa não seja uma das preocupações que mais me atormenta. Já são milhares de casos de bullying, automutilação, abuso sexual, pedofilia, etc., envolvendo os adolescentes e as redes sociais. Nosso dever, como pais e guardiões, é de orientar sobre os perigos existentes do mundo de hoje. Com certeza esse risco é ainda maior do que o que os nossos pais enfrentaram conosco por conta do surgimento da internet. No meu caso, tenho um canal de comunicação, até agora, bastante eficiente com os meus filhos. Eles têm abertura para perguntar e contar coisas sobre variados assuntos. Confesso que muitas vezes eles me pegam de surpresa, mas eu finjo naturalidade, tento não ficar com raiva ou até mesmo rir e respondo. Outras vezes, pergunto de volta ou expresso a minha opinião. O importante é eles não se sentirem criticados ou reprimidos para não ficarem com medo de se comunicar. Afinal, o objetivo na minha forma de criar os meus filhos é sempre querer o melhor para eles.
Para a maioria dos pais, as maiores preocupações sobre segurança na internet são quem pode entrar em contato com eles, o conteúdo que eles estão consumindo e o tempo de uso no aplicativo. A primeira mudança que os adolescentes já podem perceber é que com a configuração privada eles só poderão interagir com as pessoas que eles seguem e são seguidos mutuamente. Outra novidade é o “sleep mode”, o que significa que entre 22:00h e 07:00 da manhã, o adolescente não receberá notificações neste período de tempo. Mesmo eles ainda podendo usar o aplicativo, se quiserem, a restrição na minha opinião faz com que o aplicativo não fique atraindo o adolescente de volta ao Instagram. Outra novidade é o limite de uso diário, que é de 60 minutos e o adolescente só conseguirá aumentar se um dos pais der permissão e mudar a configuração. E aí eu me pergunto como o Instagram saberá se quem está dando a permissão é um dos pais, e não um amigo mais velho maior de idade? Kira Wong, gerente de política de segurança para jovens da Meta, conta que eles não verificam quem é o pai ou mãe do usuário, mas que eles têm outras tecnologias de segurança efetivas, o que faz com que eles saibam se a conta tem um potencial suspeito e diz também que a Meta não permite que os adolescentes supervisionem eles mesmos. E eu vou mais além querendo saber o que acontece se o adolescente abrir uma conta e mentir a idade para mais? Kira diz que já tem um tempo que o Instagram pede a data de nascimento quando você assina para fazer parte da plataforma, portanto quem tentar mudar essa data será submetido a uma verificação de identidade para ter certeza que o adolescente tem a idade que está afirmando. Mas isso é só no caso da abertura de uma conta existente. Abrindo uma conta nova, a empresa não tem como saber se a idade é verdadeira ou não.
Geralmente nós criamos os nossos filhos para que eles sejam mais bem sucedidos do que nós. E na maioria dos casos é exatamente isso mesmo que acontece. Se você só terminou o segundo grau, o seu filho acaba concluindo o curso superior e por aí vai. Mas recentemente ouvi o psicoterapeuta Leo Fraiman, que entre os vários livros publicados, tem também um curso chamado “educando filhos na era digital”, falando que as crianças de hoje têm o QI inferior aos dos próprios pais. “A gente está contraindo uma dívida impagável e insustentável com as nossas crianças e adolescentes. Ao deixar uma criança 2, 3, 4, 5, 7 horas por dia num telefone, ao deixar a criança na tela, ao deixar a criança no celular na hora de ir para escola. No celular na hora de fazer um passeio. Durante as refeições ficar mexendo no celular. A noite antes de dormir com o celular, você está assassinando os neurônios dos quais ela vai precisar porque vai ser o único recurso que ela tem. O único recurso! Que mundo o teu filho vai competir? Um mundo mais complexo, mais competitivo, mais conectado, mais exigente? Sim ou não? Que chances ele vai ter?”, finaliza ele. E eu respondo: nenhuma chance! Vai ser engolido vivo se continuar assim. É uma verdadeira pandemia digital onde em breve teremos clínicas de reabilitação para esses futuros adultos que não irão conseguir interagir com a vida real, mas apenas com o virtual.
A mudança aconteceu no Instagram, mas isso vale para todos os aplicativos, não só o mau uso deles, como também o perigo do vício, dos predadores e a importância de uma vigilância constante dos cuidadores dessas crianças e adolescentes. Em outras palavras, talvez ainda seja fácil para os jovens burlarem essas restrições se eles assinarem um aplicativo, como o Instagram por exemplo, apenas colocando uma data de nascimento falsa, portanto, cabe a nós ficarmos de olhos abertos e prestarmos atenção nos nossos filhos, no comportamento deles é exatamente o que eles andam consumindo de conteúdo, seja na internet ou não! Como dizem por aqui “brace yourself” mesmo esperando que nunca aconteça o impacto que o ditado se refere, e seja “bem-vindo(a)” a parentalidade na era digital!