A esperança

A Bíblia nos ensina que a esperança é uma virtude teóloga, que está relacionada com a fé. Também aprendi que esperança “indica o ato de esperar por alguma coisa”, segundo o dicionário, e que pode significar ter confiança de que algo bom que desejamos vai acontecer. Como muitas vezes a esperança é uma idéia utópica, dificilmente será concretizada. Wiliam Shakespeare disse que “os miseráveis não têm outro remédio a não ser a esperança”.

Esperança também é o nome de um inseto, “cujas antenas são mais longas que seu corpo estreito”. Esses insetos são encontrados em áreas plantadas de coloração verde. Não sei porque deram esse nome ao inseto. Esperança pode ser para alguns poucos o nome romântico de uma estrela vista a olho nú, perto do Planeta Vênus, no firmamento infinito.

A esperança requer paciência e perseverança de quem espera, mesmo que todas as prerrogativas sejam contraditórias. Na mitologia grega, quando Pandora (a primeira mulher criada por Zeus) abre sua caixa que continha todos os males, ao fechá-la, só o que ficou dentro da caixa foi a esperança. Existe uma estátua muito bonita de uma mulher representando a esperança, de Jackques Du Broeucq (1541/1545), na igreja de Saint Waltrude, na Bélgica.

Imaginemos por alguns instantes um planeta sem esperanças, já que somos da condição humana, miseráveis como disse Shakespeare. O presidiário sem esperanças de algum dia sair da prisão física de muros e grades e da sua prisão emocional e psicológica; o doente, sem a esperança de sair do leito do hospital; o pobre, sem esperança de que vai chegar na sua porta uma cesta básica para a alimentação da família; o que ficou sem o teto, sem a esperança de encontrar outra moradia; o desempregado, sem esperança de arrumar outro emprego que lhe dê dignidade de existir; os amantes, sem a esperança de um reencontro. A esperança nos ajuda a continuar nossa difícil jornada na Terra. Sem ela, acho que estaríamos fadados a depressão e ao suicídio.

A esperança também é entendida e explicada por muitos, no sentido negativo. Nietzsche argumentava que a esperança como um sentimento que só surge em cenários desfavoráveis é uma estratégia de fuga, maneira de negar a realidade, alertando que o esperançoso(a) vive na ignorância, na expectativa de encontrar aquilo que falta. No momento em que vejo essa definição de Nietzsche penso em Jacques Lacan (1901-1981) e seu objeto, ou objeto da falta, objeto do desejo, jamais encontrado. Em algum lugar lí: “permita-se ter esperança, mas não dependa dela!”.

Bom, já que estamos todos “no mesmo barco,” vamos navegar com a esperança de que em algum dia encontraremos um porto seguro, para ancorarmos. Vamos seguindo em nossa jornada, com a esperança que vale à vida, “se a alma não é pequena”, não com a certeza que estamos em um barco furado. Não vamos depender da esperança, mas vamos paralelamente construir uma outra alternativa possível, se o que desejamos e esperamos que aconteça não dê certo.

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