Um novo escândalo de grandes proporções atingiu a Igreja Católica nos Estados Unidos. Bispos e outros líderes da Igreja na Pensilvânia encobriram o abuso sexual de crianças por mais de 300 padres durante um período de 70 anos, persuadindo as vítimas a não denunciar o abuso para não investigá-los, segundo um relatório publicado pelo poder judiciário da Pensilvânia, e divulgado à imprensa ontem (14).

O relatório, que atinge seis das oito dioceses católicas do estado, identificou mais de 1 mil vítimas, e é o exame mais abrangente já feito por uma agência governamental nos Estados Unidos sobre abuso sexual infantil na Igreja Católica. O relatório mostra que há provavelmente outras centenas de vítimas cujos registros foram perdidos ou que estavam com medo de denunciar.

O relatório apresenta um índice de violência física e psicológica assustadora. Conta como um padre supostamente abusou de cinco irmãs em uma única família; como outro confessou violar 15 garotos de 7 anos de idade; como uma vítima foi amarrada e chicoteada com tiras de couro; e como uma vítima morreu de uma overdose de analgésicos resultado de uma lesão nas costas sofrida durante um ataque particularmente violento. A maioria das vítimas, segundo o tribunal, nunca poderá processar seus supostos agressores, já que a lei estadual dá a vítimas de abuso sexual infantil até 30 anos para processar ações civis, e 50 para registrar acusações criminais.

O escândalo dos abusos sexuais vem abalando a Igreja Católica por mais de 15 anos, desde que surgiram alegações explosivas na Arquidiocese de Boston, em 2002. Mas mesmo depois de pagar bilhões de dólares em processos judiciais e implantar novos programas de prevenção, a Igreja tem, agora, outro escândalo. O relatório da Pensilvânia vem logo após a renúncia do cardeal Theodore E. McCarrick, ex-arcebispo de Washington, acusado de abusar sexualmente de jovens padres e seminaristas, bem como menores de idade.